Vamos ver as principais características de um ministério apostólico. Vejo três aspectos principais:
1 – INICIATIVA.
Um apóstolo exerce um ministério iniciador.
Ele expressa iniciativa não humana, mas divina. Deus usa o apóstolo para
realizar seus próprios começos no desenvolvimento do plano da salvação. Vemos
isto quando os doze foram enviados. A
iniciativa de alcançar as cidades de Israel com o evangelho do reino de Deus
não estava com a multidão dos discípulos em geral, mas com os doze apóstolos
particularmente. Foram eles os primeiros a sair pregando o reino de Deus.
Mais tarde, vemos que ele designou mais setenta, porém foram os doze quem
tomaram a iniciativa.
No Pentecoste foram os apóstolos que
tomaram a iniciativa de interpretar o acontecimento. Lucas diz que Pedro se
levantou com os onze. Mais tarde quando as multidões viram a Pedro e ao resto
dos apóstolos dizendo: "Que
faremos?", foram
os apóstolos quem deram a resposta, apesar de 120 pessoas terem sido cheias do
Espírito.
Na evangelização dos
gentios foi um ministério apostólico que rompeu a barreira de separação entre o
judeu e o gentio, barreira essa construída através de séculos de tradição. Pedro diz:
"Deus escolheu que através de minha vida, os gentios ouvissem". Foi o apóstolo Pedro quem introduziu
uma nova fase no programa divino de salvação e mais tarde seu ministério foi
seguido e ultrapassado pelo ministério do apóstolo Paulo. O ministério
apostólico toma o primeiro passo no programa de Deus, o primeiro passo numa
nova direção, numa nova dimensão. Paulo
estava resoluto a pregar Cristo onde ele ainda não havia sido pregado. Ele
queria ser o iniciador, ele queria ser o primeiro.
A uma diferença de iniciador e
pioneiro, o ministério necessário ainda é apostólico. Por exemplo, podemos ir a
muitas cidades e povoados em nossa terra hoje e encontrar sinais de que o
evangelho já fora pregado ali. Há
igreja; salvação se encontra ali. Mas ainda pode haver um ar de morte
prevalecendo no lugar. Faz-se necessário um ministério apostólico para
reconquistar a iniciativa para Deus. Esta é uma função apostólica. É Deus
usando o apóstolo para tomar a iniciativa a fim de que seus propósitos de
salvação possam fluir novamente entre os homens e as mulheres.
2 – LANÇAR FUNDAMENTOS.
Em segundo lugar, o ministério
apostólico é lançar fundamentos. Este é mais um passo além da iniciativa. Algumas
pessoas, depois da iniciativa, a direção da ação é determinada puramente pelo
acaso. É bom ter pessoas iniciando alguma coisa, mas o apóstolo, além de saber iniciar, sabe também
assegurar que os propósitos de Deus atrás daquela iniciativa sejam realizados.
O apóstolo leva os propósitos de Deus a serem demonstrados visivelmente, e
assim o alvo é alcançado, e a missão é cumprida. Esta diferença pode ser vista no caso de Filipe. Filipe saiu com uma
mensagem poderosa e almas foram salvas, mas parecia estar faltando alguma coisa
nos convertidos - algo que Filipe sozinho não pôde suprir. É somente quando os
apóstolos levam estas pessoas para uma experiência no Espírito, e batizam-nas
no corpo de Cristo, que há uma igreja. Aí está a diferença: alguém pode tomar
iniciativa, mas é preciso também saber colocar os alicerces.
O apóstolo não somente colocava os
alicerces, mas ele mesmo era o alicerce. São os próprios apóstolos que são
dados à igreja, não somente seus ministérios. Eles mesmos são o dom de Deus e
os fundamentos. Vemos isto em Mateus 16:16-18. Algumas pessoas são tão ansiosas
para provar o erro dos Católicos Romanos que chegam a afirmar com toda certeza
que a pedra é a confissão de Pedro e de maneira alguma pode ser o próprio
Pedro. Creio que precisamos dar o devido valor a Pedro. Parece-me que o Senhor
está dizendo que não só a confissão de Pedro, mas o próprio Pedro, faz parte do
alicerce da igreja.
Paulo nos dá uma interpretação de
Mateus 16 em Efésios 2:19, onde ele se
refere à casa de Deus sendo edificada no alicerce dos apóstolos e profetas,
sendo Cristo Jesus a pedra principal de esquina. Em sua visão da nova
Jerusalém, João viu os doze alicerces com os nomes dos doze apóstolos. O
próprio Paulo pôde falar daqueles que eram colunas da igreja em Jerusalém - Cefas, Tiago e João.
Eram homens que havia subido a um lugar de importância e preeminência
unicamente porque Deus havia colocado um
peso e uma responsabilidade sobre eles. Deus os havia feito alicerces e a
obra dependia deles.
Não podemos apoiar o domínio de um só
homem ou perpetuar um sacerdócio denominacional. Nem enfatizar tanto o
sacerdócio dos crentes que se torne impossível os líderes surgirem, e os
apóstolos serem reconhecidos, e os homens de Deus se tornarem alicerces da
igreja. Em alguns lugares tornamo-nos tão ansiosos para fugir dos cultos à
personalidade que quando um homem começa a aparecer e se torna óbvio que a obra
está sendo edificada em volta dele, nós imediatamente queremos reduzi-lo a
tamanho normal. Talvez Deus queira levantá-lo um pouquinho mais, por amor a Sua
igreja.
O apóstolo também sabe
como construir nos alicerces e como estruturar a igreja. Há um paralelo maravilhoso entre
Mateus 16 e 1 Coríntios 3:9, onde temos uma referência ao edifício de Deus.
Depois no versículo 10 diz: "Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei
o fundamento como prudente construtor". Jesus disse: "Sobre esta pedra edificarei minha igreja". E Paulo diz: "Lancei o fundamento como prudente
construtor". Seu
ministério é um com o ministério de Jesus. Mas ele não está preocupado somente
em lançar o alicerce; ele se preocupa igualmente com aquilo que é edificado
sobre ele. "...e outro edifica sobre ele. Porém cada um
veja como edifica".
3 – CORREÇÃO DE FALSAS DOUTRINAS
A terceira característica do apóstolo
é seu ministério de corrigir falças doutrinas, supervisionar. "Porque está escrito no Livro dos Salmos: Fique
deserta a sua morada; e não haja quem nela habite; e: Tome outro o seu
encargo" (At 1:20). A palavra para encargo é episkope, a mesma palavra que podemos traduzir
em outro lugar pela palavra "bispo". Tome outro o seu episcopado.
Esta palavra já era muito significativa na época em que foi escrito o livro dos
Atos dos Apóstolos. É usada na Septuaginta, em Números 7:2, onde há uma
referência aos príncipes de Israel que presidiam ao censo. Também em Números 4:16: "Eleazar, filho de Arão, o
sacerdote, será supervisor, terá a seu cargo o azeite da luminária, o incenso
aromático, a contínua oferta dos manjares e o óleo da unção, sim, será
supervisor de todo o tabernáculo, e tudo o que nele há, o santuário e os
móveis".
O livro de Reis se refere aos
superintendentes da casa do Senhor, cujo cargo era receber o dinheiro recolhido
para reparar e reconstruir o templo e distribuí-lo aos carpinteiros e pedreiros
e a todos que trabalhavam na casa do Senhor para restaurá-la. Neemias escreve
sobre o superintendente dos levitas. Os
judeus então já estavam familiarizados com esta expressão. Eles sabiam que a
superintendência era uma função dos príncipes ou líderes de Israel, e uma
função daqueles que tinham um cargo sobre á casa de Deus.
É esta mesma ideia que é desenvolvida
no uso do termo no Novo Testamento. "É
necessário, portanto, que o bispo... governe bem a sua própria casa, criando os
filhos sob disciplina, com todo respeito; pois se alguém não sabe governar a
própria casa, como cuidará da igreja de Deus?" (1 Tm 3:2-5). "Rogo,
pois, aos presbíteros que há entre vós... pastoreai o rebanho de Deus que há
entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; ...nem
como dominadores dos que vos foram confiados" (1 Pe 5:1-3).
Nestas duas referências vemos o
piskope no seu ambiente local. O apóstolo funciona na capacidade de um
presbítero para a igreja universal, enquanto o presbítero (líder local, pastor)
se limita a uma localidade. O apóstolo é
enviado com aquele mesmo ministério essencial para toda a igreja de Deus. Há
três setores principais onde a superintendência do apóstolo atua.
1
- Em primeiro lugar, no setor do ensino. Os discípulos
primitivos continuaram firmes no ensino dos apóstolos (At 4) e este ensino
providenciava as normas para a igreja primitiva. Paulo, como um apóstolo,
escreveu com a expectativa de que suas epístolas fossem obedecidas. "Se
alguém se considera... espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos
escrevo. Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta
epístola, notai-o; nem vos associeis com ele" (1 Co 14:37; 2 Ts 3:14). Pedro escreve que nós devemos lembrar
o mandamento de nosso Senhor e Salvador pela boca dos apóstolos (2 Pe 3:2).
II Pedro 3:2 - Para que vos lembreis das palavras que
primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do nosso mandamento, como
apóstolos do Senhor e Salvador.
Quando surgiu o problema
da circuncisão, foram os apóstolos que tomaram a iniciativa em resolver o que
devia ser ensinado para os convertidos gentios (At 15:5,6). Eles estavam preocupados
sobre o ensino a ser administrado ao corpo de Cristo. Precisa haver apóstolos
hoje que se preocupem com os vários ensinos e revelações que estão circulando
por aí e sejam capazes de tratar com eles com a mesma autoridade dos apóstolos
primitivos. Se não houver liderança o
povo de Deus pode cair em confusão. É a responsabilidade de um apóstolo
assegurar o ensino sólido da palavra de Deus e impedir que o diabo faça
destruição através de "ventos de doutrina".
2
- Em segundo lugar, na área de apontar presbíteros. O
governo da igreja local era designado pelos apóstolos. Vemos isto no livro de
Atos e em Tito. Eles estavam a par daquilo que se passava nas igrejas,
designavam os presbíteros locais e exerciam uma superintendência sobre os
presbíteros. Seu ministério ajudava a
ligar e a unir as igrejas. Quando a palavra fala de presbítero está falando
de um líder local um pastor local, mas quando fala de presbitério está se
referindo a uma equipe de governo (apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e mestres) que é formada por anciões
homens experimentados e idôneos.
3
- O terceiro aspecto é no setor de disciplina. Paulo se
preocupava com as situações locais e quando ouvia sobre dificuldades nas
igrejas, ele escrevia, se envolvendo no problema, mesmo não estando lá
fisicamente. Em Corinto ele entregou um irmão a Satanás para a destruição da
carne e chamou a igreja para apoiar seu julgamento. Mais tarde ele lhes
escreveu: "Pelo que vos rogo que
confirmeis para com ele o vosso amor. E foi por isso também que vos escrevi,
para ter prova de que em tudo sois obedientes" (2 Co 2:8,9).
"Portanto, escrevo estas cousas, estando ausente, para que, estando
presente, não venha a usar de rigor segundo a autoridade que o Senhor me
conferiu para edificação, e não para destruir" (2 Co 13:10).
Fontes: Biblia sagrada
Livros, estudos na net.
Ruach Ministries International
Dr Graham Perrins
Nenhum comentário:
Postar um comentário