“Por esta razão
dobro os joelhos perante o Pai, do qual toda família nos céus e na terra toma o
nome” (Ef 3:14,15).
O apóstolo Paulo está escrevendo uma
carta, e começa esta passagem com uma oração. Não vamos tratar sobre o assunto
da oração, mas a respeito da pessoa a quem ela se dirige. A palavra traduzida
no versículo acima como “família” poderia também ser “paternidade”. No original
a palavra grega é “pátria”, uma derivação direta da palavra “pater” que
significa “pai”. Portanto o versículo seria assim: “..o pai, do qual toda paternidade nos céus e na terra toma o nome”. Desta
maneira estamos descobrindo que o fator originador da família é o pai.
Estes versículos contêm uma revelação
tremenda. A paternidade de Deus é eterna. Não só é Deus o Pai de Jesus Cristo,
mas toda paternidade é derivada e estabelecida a partir do ofício do Pai na
divindade. O ofício de um pai recebe com isto um significado tremendamente
importante. A função de um pai deriva sua santidade, autoridade e importância do
fato dela ser uma projeção aqui na terra da paternidade divina e eterna de Deus
no céu.
Pensamos que Deus só se tornava Pai
quando nos tornamos seu filho. Isto não está correto. Deus é Pai eternamente.
Antes da criação, Deus já era Pai. Ele é o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. O
relacionamento de Pai para Filho dentro da divindade é eterno. Antes que
qualquer coisa fosse criada, Deus eternamente era Pai, e Cristo era eternamente
seu Filho.
Desta forma, todo pai, dentro da
criação, recebe seu nome a partir da paternidade eterna de Deus. Este fato
concede importância e santidade enormes ao ofício de pai. É na realidade, uma
projeção da própria natureza de Deus para dentro da experiência humana, aqui na
terra e no tempo.
Em João 14:2 Jesus diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. Deus é
um Pai.
Ele possui uma casa! Se estudarmos a
palavra “casa” nas Escrituras, iremos notar que seu uso não está ligado a um
edifício material. “Casa” na Bíblia quase sempre refere a uma família em primeiro
lugar, e ao edifício por ela ocupado apenas de maneira secundária.
Portanto, quando Jesus fala da “casa
de meu Pai”, ele esta dizendo que Deus tem uma família celeste. Assim, há uma
família no céu, Deus é eternamente um Pai, e a vida e estrutura da família têm
sua origem na eternidade. É um retrato aqui na terra do relacionamento de Pai
para Filho dentro da divindade.
Vemos que vida no lar significa muito mais
que o mero fato de algumas pessoas morarem juntas debaixo do mesmo teto. É uma realidade
ligada à natureza da própria divindade. Dizendo isto de outra maneira; desde a eternidade
há duas coisas sempre verdadeiras: Deus é um Pai, e o céu é um lar. Nem o
ofício de pai, nem a vida no lar, se iniciaram no tempo, ou depois da criação.
São derivados do ser e natureza eternos da divindade.
A ORIGEM DE CHEFIA
Há outro aspecto da família que
encontramos também como uma reflexão da divindade. É um conceito que iremos
chamar de “chefia”. Vejamos o que Paulo diz em 1 Coríntios 11:3: “Quero, porém,
que saibais que Cristo é o cabeça de todo homem, o homem (ou marido) o cabeça
da mulher (ou esposa), e Deus o cabeça de Cristo.”
Temos o seguinte relacionamento,
então: Deus é o cabeça de Cristo, Cristo é o cabeça do homem, e o homem é o
cabeça da mulher. Outra vez temos um relacionamento eterno. A chefia do Pai
sobre o Filho é eterna. Antes da criação do mundo, Deus era Pai, e também
cabeça, de Cristo.
A partir deste ponto nós temos uma
cadeia descendente de autoridade, que vai desde a eternidade até o tempo. Deus
Pai é cabeça de Cristo eternamente. Cristo é cabeça do homem ou marido (é a
mesma palavra no grego), e o homem é cabeça da mulher ou esposa.
Outra vez temos um relacionamento no
lar entre marido e esposa cuja importância transcende os limites de tempo e
espaço. É uma projeção dentro da família de um relacionamento eterno. Deus
eternamente é cabeça de Cristo, assim como o homem é cabeça da mulher.
Com este modelo da divindade, podemos
aprender muito sobre o padrão de autoridade. Cada um de nós só tem autoridade
no plano de Deus quando estiver no seu devido lugar numa cadeia de autoridade. Qualquer cadeia de autoridade no universo ultimamente
volta a Deus Pai como fonte original.
Em outras palavras, toda autoridade se
deriva da sua posição abaixo de Deus. No lar, só existirá autoridade quando o
marido for submisso a Cristo, e a esposa for submissa ao marido. Se qualquer
destes relacionamentos for quebrado, a autoridade do lar será desfeita. Se o marido não estiver em submissão a Cristo,
ele não terá a autoridade devida. Se a esposa não estiver em submissão ao marido,
ela não terá a autoridade necessária.
O centurião romano veio a Jesus a
favor do seu servo doente em Lucas 7. Nas suas palavras a Jesus ele resumiu o
segredo da autoridade. Ele disse: “Pois
também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens;
e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze
isto, e ele o faz.” A maioria das pessoas não teria se expressado desta maneira.
Muitos falariam: “Eu tenho autoridade”. O centurião foi bem mais sábio e
humilde. Ele não disse: “Eu tenho autoridade”; ele disse: “Eu estou sujeito à autoridade”. Por ele estar no seu
lugar certo na cadeia de autoridade do exército romano, ele se tornava o
representante legal do imperador.
Quando ele estava no seu devido lugar
na cadeia, qualquer pessoa que o resistisse, estava na verdade se opondo ao
próprio imperador. A sua autoridade se derivava da sua colocação certa numa
cadeia. Ao sujeitar-se àqueles que estavam acima dele, ele tinha direito de
exercer autoridade sobre aqueles que estavam abaixo dele.
Ele reconhecia em Jesus uma situação
paralela no mundo espiritual. Ele disse: “Eu também sou homem sujeito à
autoridade”. O que ele tinha no campo
militar, Jesus tinha no mundo espiritual. Jesus estava debaixo da chefia do
Pai. Estando debaixo da autoridade do Pai, Jesus trazia a autoridade do
próprio Deus consigo. Tudo que Jesus fazia e dizia era tão eficaz como se o
próprio Pai estivesse o fazendo e dizendo.
Quando o marido está em submissão a
Cristo, ele possui a própria autoridade de Cristo. Tudo que aquele marido faz e
diz é tão eficaz como se o próprio Cristo estivesse o fazendo e dizendo. Quando
a esposa está em submissão ao marido, ela tem toda a autoridade do marido, que
é a autoridade de Cristo, que é a autoridade de Deus Pai.
Porém,
se a cadeia for quebrada em algum ponto, a autoridade é também anulada. É exatamente isto
que tem acontecido na maioria das famílias hoje. Não há autoridade na família,
porque em algum ponto alguém não está mantendo um relacionamento certo. Na maioria
dos lares, o marido não está sujeito a Cristo, e nem a esposa ao seu marido. O
resultado é uma quebra de autoridade, anarquia, desordem e rebelião.
SUBMISSÃO NÃO
INFERIORIDADE
Quero chamar atenção a este
relacionamento, usando a ilustração novamente da imagem que temos na divindade.
Temos no relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho um padrão perfeito para o
relacionamento de marido para mulher.
As mulheres hoje, muitas vezes, pensam
que ser submisso implica numa posição de inferioridade. Isto é completamente
errado. Se eu puder lhes mostrar o
relacionamento entre Cristo e seu Cabeça, creio que será muito mais fácil para
as irmãs aceitarem sua posição que é de submissão e não de inferioridade.
Submissão é muito diferente de inferioridade. O sentimento de inferioridade
desaparece ao vermos que este é o mesmo relacionamento que existe entre o Pai e
o Filho.
Vamos examinar duas passagens em que
Jesus fala sobre seu relacionamento com o Pai: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30). “...porque o Pai é maior do que
eu” (Jo 14:28).
Parecem ser afirmações contraditórias.
Na primeira ele afirma a sua união e igualdade com o Pai. Na segunda ele mostra
que o Pai é maior.
Em Filipenses 2:5, Paulo diz que
Cristo não achava igualdade com o Pai uma posição que procurava atingir. Ele tinha esta igualdade já por direito divino e eterno. Mas ao
mesmo tempo ele se sujeitava ao Pai, e dizia: “O Pai é maior do que eu”.
Podemos aplicar este modelo ao
relacionamento entre marido e mulher. O homem e sua esposa são um. Ao mesmo tempo
a mulher é sujeita ao seu marido. Ser sujeita não implica em inferioridade.
Cristo não é inferior ao Pai.
Ele é sujeito ao Pai. Ao permanecer em
submissão, ele permanece em união.
A esposa não é inferior ao marido. Ela
está em submissão a ele. Através da sua submissão, ela se mantém em união com
ele. Se ela perder a submissão, ela perde a união. Não pode ter uma sem a
outra.
Assim, no plano de Deus, o homem e a
sua mulher são uma só carne. Não pode existir inferioridade entre uma parte da
carne e outra. Porém esta unidade depende de um relacionamento certo entre os
dois. O marido, como chefe,
precisa da submissão e apoio da sua esposa, assim como uma cabeça precisa do suporte de um pescoço. E a esposa
precisa da proteção e cobertura da autoridade do seu marido. É o único lugar
ordenado por Deus de segurança e paz para a mulher, e de união e ordem no lar.
Vimos que a chefia como um
relacionamento iniciou-se na eternidade. Quero mostrar que ela continua
eternamente. Em 1 Coríntios 15:28, Paulo está falando sobre a “dispensação da
plenitude dos tempos”. Esta expressão se refere ao fim de todas as eras e tempos,
quando estes se lançarão como rios nas eras das eras, que continuarão eternamente.
Nesta hora, Paulo diz que estando tudo
sujeito aos pés de Cristo, ele se sujeitará ao Pai que pôs todas as coisas
debaixo de seus pés. E assim Deus será tudo em todos. Portanto, na eternidade,
depois da sua vitória triunfante e universal, o Filho se colocará debaixo do
Pai. Neste relacionamento, Deus, através de Cristo, será tudo em todos eternamente.
Há outro quadro aqui que pode ser
visto no lar. O Pai sente prazer em
honrar o Filho. Ele quer que tudo esteja debaixo dos pés do Filho. Para
alguém honrar o Pai, é necessário em primeiro lugar honrar o Filho. Se alguém
não honrar o Filho, Deus também não o receberá.
Deus honra e exalta seu Filho. O Filho
por sua vez honra e exalta o Pai. Jesus disse que nada podia fazer por si só.
Ele só falava as palavras que lhe foram dadas pelo Pai; só podia fazer as obras
que o Pai fazia nele. Ele era constantemente sujeito ao Pai.
Isto deveria ocorrer no lar. O marido deve ter prazer em honrar sua
esposa. Ele deve fazer tudo para exaltar sua esposa e fazê-la sentir
respeitada, honrada, e estimada. A esposa, quando for tratada desta forma,
em quase todos os casos, voluntária e espontaneamente reconhecerá a autoridade
do seu cabeça. O homem precisa ter a mesma atitude para com sua esposa que o Pai
tem para com seu Filho. O Pai promove, honra e exalta o Filho. É impossível se
aproximar do Pai se desonrar o Filho.
Que aconteceria se os homens
constantemente tratassem as suas esposas desta maneira? Automaticamente elas
aceitariam a chefia dos maridos. Não sentiriam mais desejo nem necessidade de
lutar pelo seu próprio reconhecimento ou independência.
Hebreus 1:2,3 nos diz que Cristo é o
“resplendor da sua glória” (isto é, da glória do Pai). Paulo diz em 1 Coríntios
11:7 que a mulher é a glória do homem. Está
claro o paralelo.
O Pai revela sua glória através da
pessoa de Cristo. O marido revela sua glória através da pessoa da sua esposa. Se
a esposa for descansada, segura, confiante e satisfeita, seu marido receberá glória.
Ela está demonstrando que seu marido sabe tratá-la bem. Se a esposa, porém, for
amargurada, cheia de ressentimentos e insegura, seu marido receberá desonra.
Ela está mostrando a insuficiência do marido em desempenhar suas
responsabilidades no lar.
Que acontece se um dos membros do lar
não cumprir sua função ordenada por Deus? Se o marido falhar, isto tira
responsabilidade da esposa? Se a esposa falhar, o marido será desculpado?
Absolutamente. A responsabilidade é diante de Deus, e as ações ou erros do
outro nunca podem alterar esta posição.
Qualquer estudante da Bíblia, que a
aceita, e nela crê, ao ver estas verdades perceberá a importância enorme dos
relacionamentos no lar. A família é uma representação viva, que reproduz nos
limites de tempo e espaço, os mesmos relacionamentos eternos que existem na
divindade. Dizendo isto em outras palavras, eu acho que podemos seguramente
definir o lar como a criação de Deus na terra que mais se assemelha ao céu. O
propósito de Deus é que cada lar na terra seja uma reprodução do seu lar no
céu.
COMUNHÃO
Temos, então, dois princípios eternos que nos são revelados pela divindade. Cada
um é um conceito básico do evangelho de Jesus Cristo. São os princípios de Paternidade e Chefia.
Há um
terceiro princípio eterno, de importância igual, que é Comunhão. Trataremos deste
princípio aqui apenas sumariamente. Existe comunhão perfeita e constante dentro
da divindade, ou seja, entre o Pai e o Filho, no Espírito. Quando João diz no
início de seu evangelho que o Verbo estava “com” Deus, desde a eternidade, o
sentido da palavra no original quer dizer “face a face com”. Em João 1:18, diz
que Jesus “está no seio do Pai”. Podemos ver neste retrato o amor e prazer mútuos
que existem entre o Pai e o Filho, constantemente mantidos pelo Espírito Santo.
Certa vez alguém descreveu o Espírito
Santo como sendo “o relacionamento de amor entre o Pai e o Filho”.
Em João 17, Jesus ora ao Pai, para que
justamente esta comunhão perfeita e indestrutível que ele possui com Deus, seja
reproduzida nos crentes na terra. Em
outras palavras o que Deus está fazendo através do evangelho é projetar-se a si
mesmo, com sua natureza divina, e o padrão da vida celestial, para dentro da
vida do homem na terra. Talvez esta fosse uma das melhores maneiras de
descrever a importância do evangelho. É Deus se projetando na humanidade.
A FAMÍLIA: CÉU SOBRE
A TERRA
Há uma passagem em Deuteronômio que fala
sobre a família. Moisés está mostrando aos filhos de Israel como entrar na sua
herança em primeiro lugar, e como se manter na sua herança, depois de entrarem
nela. Todas estas verdades da velha aliança podem ser aplicadas a nós como
cristãos através da revelação do Espírito. Por
meio destas advertências podemos aprender como nos firmar na nossa herança
depois de entrarmos nela.
Na
verdade, Israel teve maior dificuldade em permanecer na sua herança do que entrar
nela no princípio.
Creio que o mesmo ocorre entre os cristãos hoje. Nós temos muito mais luta para
guardar as bênçãos de Deus em nossas vidas do que tivemos em recebê-las.
Um dos princípios, então, que devemos
observar para podermos entrar na herança, e depois permanecer nela, se refere à
família. Leiamos: Deuteronômio 11:18: “Ponde, pois, estas minhas palavras no
vosso coração e na vossa alma; atá-las-eis por sinal na vossa mão, e elas vos
serão por frontais entre os vossos olhos.” Em
outras palavras, nossa vida inteira deve ser controlada pela Palavra de Deus.
“E ensiná-las-eis a vossos filhos, falando delas
sentados em vossas casas e andando pelo caminho, ao deitar-vos e ao
levantar-vos” (Dt 11:19).
Ensinar ao filhos não quer dizer
escola dominical, nem reunião de mocidade. No entanto é assim que muitos pais
cristãos pensam que os filhos devem ser ensinados. Aqui não diz isto. Diz que a Palavra de Deus deve ser o tema
de conversa todos os dias no lar.
Na mesa ao comer, na hora de levantar,
na hora de deitar. Não é uma questão de enviar os filhos à escola dominical para
algum professor desempenhar a função abandonada pelos pais. Não é uma questão
tampouco de uma mera leitura diária da Bíblia com as crianças.
Instrução espiritual, de acordo com
esta passagem, deve ser contínua. É responsabilidade dos pais entrelaçarem o
ensino da Palavra de Deus com todas as atividades diárias da vida no lar.
Versículo 20: “E
escrevê-las-eis nos umbrais das vossas casas, e nas vossas portas.” A família toda deve
ser confrontada pela Palavra de Deus em todas as formas, em todas as oportunidades
e em todos os lugares. A Palavra de Deus deve ser o núcleo de toda a vida familiar.
E no versículo 21 há uma descrição
daquilo que acontecerá se fizer assim: “Para que se
multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor,
com juramento prometeram dar a vossos pais (isto é, para que vocês entrem na
terra da sua herança, e aí permaneçam com seus filhos) como os dias do céu
sobre a terra.”
Muitas vezes nós usamos a expressão:
“É como o céu na terra”. Como serão nossos dias na nossa herança, se nossa vida
na família girar em torno da Palavra de Deus? Como o céu na terra!
Quantas famílias modernas parecem ser
um “céu na terra”? Muito poucas. Por quê? Porque perdemos o plano de Deus que
mostra como entrar na nossa herança, e como retêla depois de entrarmos nela.
O foco central deste plano de Deus é a
família. O lar é o lugar onde se deve manter a vida espiritual. O lar é o lugar
onde os filhos recebem instrução espiritual. Tudo mais ocupa uma posição
secundária em relação ao lar. Isto vale
não só para a dispensação da lei, como também para todas as épocas.
Esta passagem de Deuteronômio é um
quadro da provisão de Deus para seus filhos. O foco de atenção é a família. A
chave da família é o pai. Se o pai não tomar seu devido lugar, não aceitar sua
responsabilidade, e não permanecer como Deus ordenou, sendo chefe da sua casa,
o plano de Deus nunca poderá funcionar.
PAI: SACERDOTE, PROFETA
E REI
Em todos os lares, de todas as
dispensações, todo pai tem três ministérios específicos. Ele recebe estes
ministérios da própria autoridade divina, e nunca poderá renunciá-los diante de
Deus. Isto não depende da época ou dispensação em que vive, nem da sua raça,
nem da sua religião. Todo pai, ao se tornar
pai, e em virtude da sua paternidade, recebe três ministérios irrevogáveis da
parte de Deus: o ministério de sacerdote, o ministério de profeta e o
ministério de rei.
Outra vez, o pai está cumprindo um
lugar na família semelhante ao padrão encontrado em Cristo. Em relação à
igreja, Cristo é Sacerdote, Profeta e Rei. Ele recebeu do Pai estes três
grandes ministérios. Deus tem constituído o homem na família como seu representante
com os mesmos três ministérios.
Como
sacerdote do seu lar, o pai representa sua família na presença de Deus. Como profeta
do seu lar, ele faz o contrário. Ele representa Deus à sua família. Como chefe,
ou rei, do seu lar, ele governa sua família no lugar de Deus. Estes ministérios
pertencem ao pai de todas as épocas e dispensações. Não originaram com o evangelho,
nem terminarão com o evangelho.
Como
sacerdote, o pai tem a responsabilidade de interceder por sua família diante de
Deus.
Ele representa sua família na presença de Deus. Ele leva diante de Deus todas
as necessidades da sua família. Cada membro da família é levado à presença de
Deus diariamente pelo pai. Ele também traz a proteção e bênção de Deus sobre
sua família, exercendo fé a seu favor. Esta é uma das maiores responsabilidades
do pai exercitar a sua própria fé a favor da sua família.
Como
profeta, o pai representa Deus à sua família. Inconscientemente, como as pessoas
que trabalham como orientadores ou conselheiros de crianças sabem, a imagem que
a criança tem de Deus vem por intermédio de seu pai. A partir do caráter e personalidade
do pai é que as crianças formam seus primeiros conceitos de Deus. E foi assim que
Deus quis. É parte da ordem divina. Todo pai tem a responsabilidade de representar
Deus à sua família. Ele é a boca, o porta-voz de Deus no lar. É ele que também deveria
ensinar as coisas de Deus aos seus filhos.
O
terceiro ministério do pai no seu lar é o de rei ou chefe. Como rei, o pai deve
dirigir sua família como representante da autoridade divina. Dentre as
qualificações de um líder espiritual na igreja, o homem deve possuir a capacidade
de governar bem a sua própria casa (1 Tm 3:4).
PAI: DESERTOR
Nenhum homem poderá renunciar estes ministérios
ou responsabilidades diante de Deus. Nem poderá transferir suas
responsabilidades a um pastor, professor de escola dominical, líder de
mocidade, conselheiro de crianças ou outra pessoa qualquer.
Sabe o que está errado com nossa
sociedade? Homens desertores. A maioria dos homens da nossa sociedade moderna
são desertores. O que queremos dizer com isto?
Vou mostrar. Um desertor é alguém que foge das suas responsabilidades. A maioria
dos homens modernos tem fugido das suas três responsabilidades básicas: de pai,
marido e líder espiritual.
Qual tem sido o resultado? Nos deveres
diários, naquilo que realmente é responsável pela formação de uma sociedade, os
homens têm renunciado sua responsabilidade. E nossa sociedade passou a viver
cada dia mais debaixo da influência das mulheres.
Veja bem. Entre nós mesmos, os
cristãos, o que acontece? Se alguém ora com as crianças na hora de dormir, quem
é que ora? A mãe. Se alguém lê a Bíblia às crianças na família, quem é que faz
isto? A mãe. Quem ora com o filho quando está doente? A mãe. Quem arruma as
crianças para levá-las à igreja? A mãe. Isto é errado? Não é errado a mãe tomar
parte do crescimento espiritual da criança. É errado quando o verdadeiro
iniciador e orientador de toda a vida espiritual no lar deixa suas responsabilidades
à mãe. Diante desta situação, não é de se admirar quando Joãozinho diz no seu
coração: “Quando eu for grande, eu serei como meu pai”. Em ser como seu pai,
ele quer dizer que deixará as coisas de Deus para o sexo feminino. Quanto a
ele, ele é “homem”, e de acordo com os modelos que ele tem para seguir, homens
não se preocupam muito com estas coisas.
Pai,
você é responsável pela vida de seu filho. Não culpe o professor da escola dominical!
Não culpe o pastor! Não culpe o presidente da mocidade! Quando seu filho se desviar,
Deus colocará a responsabilidade por cima da sua cabeça. Você e seu sacerdote, seu profeta, e seu rei. Se seu filho
falhou, é porque você falhou. Você pode ter alternativas, todas elas muito
boas. Você pode ser presidente de três
bancos, ser um atleta excepcional, apóstolo, pastor, mas se não for um bom
marido e pai, diante de Deus, você é um fracasso.
Deus esclareceu a um certo homem de
uma maneira muito real. Já fazia tempo que eu viajava, pregando em muitos
lugares, sempre acompanhado por minha maleta. Uma vez ouvi um servo de Deus
definir o perito. Ele disse que o perito é um homem que sempre está fora de
casa, carregando uma maleta. Meditando sobre isto um dia, Deus falou comigo:
“Você pode viajar para onde você
quiser, com sua maleta na mão, e pregar a milhares de pessoas, com numerosas
conversões no fim de cada mensagem. Mas se sua casa não estiver em ordem, aos
meus olhos, você é um fracasso!”
Isto veio a mim muito claramente.
Levei isto a sério. Há uma coisa que não quero ser jamais: um fracasso. Algo em
mim quer vencer, e não me envergonho disto. Creio que Deus quer que eu, e que
todos os homens, vençamos. E se você não
alcançar este sucesso no seu lar, conforme já foi mostrado em relação ao
ministério de rei, é quase certo que você nunca será um líder espiritual.
A FAMÍLIA DE NOÉ
Vamos examinar estes princípios de
maneira melhor através das Escrituras.
Em Gênesis 7:1, Deus diz a Noé: “Entra
na arca, tu e toda a tua casa, porque tenho visto que és justo diante de mim
nesta geração.”
Veja só. Através da justiça de Noé,
toda sua família pôde entrar na arca. Sendo ele um homem justo, não só ele, mas
sua esposa, seus filhos e as esposas de seus filhos, entraram juntamente com
ele. Noé cumpriu suas funções de sacerdote e profeta na família e Deus honrou
sua posição, salvando toda a sua casa. Quando um homem toma sobre si a
responsabilidade e função ordenadas por Deus, ele sempre terá a confirmação,
proteção e bênção divina sobre tudo que ele possui, e sobre tudo que ele tem. É
uma lei espiritual.
Deus sempre há de honrar aqueles que
aceitam as responsabilidades por ele oferecidas.
Não estou falando aos pais para
produzir condenação ou para acusá-los. Nem estou dizendo que vocês sempre
falharam e continuarão falhando. Estou dizendo que se o pai se levantar como
homem, e tomar sobre si suas responsabilidades divinas, Deus estará com este
pai em tudo que ele fizer, assim como
esteve com cada um dos homens da Bíblia que tomou uma posição de marido, pai e
chefe da sua casa. Deus sempre tem honrado esta
posição. ele sempre tem abençoado, e
incluído no seu plano, toda a família na base da justiça de um pai diante de
Deus.
A FAMÍLIA DE ABRAÃO
Depois do dilúvio, Deus começou a
buscar um homem que seria o chefe de uma nação especial, destinada a trazer bênçãos
a toda à humanidade. Quem foi que Deus encontrou? Abraão. Você sabe por que
Deus escolheu a Abraão? Por que não
escolheu um dos outros homens daquela época, de outra nação e outro povo?
A resposta está em Gênesis 18:19: “Porque eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar
a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para
obrarem com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que
acerca dele tem falado.”
Deus escolheu a Abraão por uma razão
principal. Ele sabia que podia depender dele quanto ao treinamento e disciplina
dos seus filhos e da sua casa no caminho do Senhor.
Quanta importância Deus coloca sobre
este aspecto do caráter de um homem! O nome Abrão significa “pai exaltado”. O
nome que Deus lhe deu Abraão significa “pai de uma grande multidão”. Em outras
palavras, Deus estava procurando um pai. O
que Deus viu em Abraão para o escolher dentre tantos?
A qualidade
de ordenar a seus filhos após ele, para guardarem o caminho do Senhor. Deus não
tem privilegiados especiais. Ele diz simplesmente: “Se você fizer conforme as
minhas exigências, eu estarei com você, e farei vir sobre você todas as bênçãos
prometidas.”
Deus tinha de encontrar um homem que cumprisse
as condições a fim de receber as bênçãos e aliança do Senhor. Ele achou este
homem em Abraão. A condição principal em Abraão foi ele aceitar sua posição
como pai. Ele ordenou a sua casa e a seus filhos após ele para que guardassem o
caminho do Senhor.
Observe a palavra “ordenar”. Há
ocasiões quando um homem tem direito de ordenar. Sobretudo é nesta hora que ele
tem este direito. Quando ele está tomando sua posição como representante de
Deus na sua casa, ele não pode ser fraco nem vacilante. Ele tem de ser firme e
convicto quando diz: “Eu estou neste lar
como representante de Deus, e exijo que você faça isto ou aquilo.”
Alguém vai me dizer: “Mas irmão, que
fariam minha esposa e filhos se eu falasse assim? Eles não têm costume de ouvir
isto.” Vou lhe dizer o que eles farão. Depois do choque inicial, eles dirão: “Até
que enfim, temos um verdadeiro homem nesta casa.”
É verdade que tanto a esposa como os
filhos em quase todos os casos, sabem no seu íntimo que o homem da casa deveria
liderar. Quando são as mulheres que lideram, geralmente estão à frente simplesmente
porque os homens não tomam sobre si sua devida responsabilidade.
A FAMÍLIA DE LÓ
Havia no tempo de Abraão um outro
homem chamado Ló. Ele conhecia a Deus também, tinha estado com Abraão, ouviu as
mesmas bênçãos e promessas. Quando chegou o tempo de separação entre os dois,
Ló tomou uma decisão de malgrado e perversa.
Ele foi às cidades da planície que
eram muito ímpias diante de Deus. Como pai, Ló tomou a decisão de levar a sua
família para lá, mas a verdade triste é que daquele lugar ele conseguiu tirar
apenas duas filhas. Sempre que penso ou falo sobre isto, sinto comovido. Ele levou
uma família toda para Sodoma, e escapou com apenas duas filhas. Todos os demais
pereceram com o julgamento de Deus sobre a cidade. Quem foi responsável? Ló.
Pai, você pode levar sua família para o mundo com seus prazeres e atrações.
Você pode introduzir as coisas do mundo para dentro do seu lar. Mas no dia em
que você quiser voltar a Deus, talvez sua família não queira mais o seguir. É fácil levar a família para Sodoma, é
quase impossível tirá-la novamente.
Aqui está o contraste. Um pai honrou a
Deus, seguiu a Deus, obedeceu a Deus, cumpriu as exigências de Deus, e foi
abençoado por Deus, ele e sua família e descendência após ele. É considerado o
pai de todos aqueles que crêem. Outro pai com as mesmas oportunidades,
conhecimentos, e entendimento, falhou nas suas responsabilidades como pai, e é
sempre um exemplo de um homem que aceitou o plano inferior ou secundário de Deus
para a sua vida.
O que você quer? O melhor que Deus tem,
ou o secundário? Vai ser um Abraão ou um Ló? É você quem tem de tomar esta
decisão.
A FAMÍLIA DE JOSUÉ
Examinemos outro líder do povo de Deus
Josué. Ao final da sua vida, depois de levar o povo de Israel para a terra prometida,
ele desafia a nação: “..escolhei hoje a
quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam
além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e minha
casa serviremos ao Senhor” (Js 24:15).
Sempre ao ler esta passagem, eu me sentia
maravilhado. Admirava-me de como este homem podia estar tão certo de que não só
ele, mas toda sua casa, serviria ao Senhor. Vim a entender, porém, que ele
tinha o direito de dizer isto.
Ele era o sacerdote e representante de
Deus no seu lar. Se ele tomasse sua posição e cumprisse as suas
responsabilidades, Deus era obrigado a honrá-lo.
Josué não estava dependendo de si
próprio. Ele estava confiante na
fidelidade de Deus ao ofício de paternidade que ele desempenhava. Tendo tomado
sua posição de sacerdote, ele sabia que Deus seria fiel em responder sua intercessão
a favor da família. Tendo tomado sua posição de profeta, ele podia contar com a
confirmação da sua declaração profética no seu lar.
Governando
seu lar como rei, ele confiava que Deus sustentaria sua autoridade.
A FÉ DO PAI
No livro de Jó, nós lemos que este
servo de Deus se levantava cedo e oferecia sacrifícios a favor de seus filhos e
suas filhas, caso tivessem pecado nos seus corações, desviando-se do Senhor.
Como pai ele reconhecia sua responsabilidade como sacerdote de toda sua casa.
Um dos versículos mais conhecidos e
citados pelos evangélicos está em Atos 16:31. Encontra-se na história do
carcereiro filipense. Depois que o terremoto abalou a prisão, o carcereiro
ficou convencido dos seus pecados, e dirigiu a Paulo e Silas no meio da noite a
tão conhecida pergunta: “Senhores, que é necessário que eu faça para me
salvar?” E a resposta foi: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo”. Muitos param
aí. Mas há mais no versículo. Diz: “...e serás salvo, tu e a tua casa.”
Algum tempo atrás, uma irmã veio a
mim, contando o problema dos seus filhos desviados. Tentando a consolar, num
espírito compassivo, porém humano, eu citei para ela este versículo. Depois que
ela saiu, o Espírito Santo me repreendeu: “Você não usou corretamente aquele
versículo”! Aquelas palavras não foram ditas a uma mulher. Foram dirigidas a um
homem, e isto porque ele era o chefe da sua casa. Ele tinha o direito de crer
em favor de toda a sua casa!”
É quando o homem toma a sua posição de
sacerdote, profeta e rei, que o Senhor promete salvar toda a sua casa. Deus tem dado a cada pai, em virtude da sua
paternidade, tanto o direito como a responsabilidade de exercer sua fé em favor
da salvação de toda a família.
Isto significa que os outros membros
da família podem ser salvos simplesmente através da fé do pai, sem a ação da fé
individual dos próprios membros? Evidentemente não. Significa que através da fé
e do ministério de um pai que exerce seu ofício divinamente designado, cada
membro da família virá a possuir fé pessoal no Senhor Jesus, e desta forma será
salvo.
Não estou dizendo tampouco que uma
família não pode ser salva através da fé de uma mãe, ou mesmo através de um
filho. A verdade é que Atos 16:31 não o diz! Se quisermos uma passagem que
mostre uma base bíblica para a salvação da família através de uma mulher, devemos
voltar ao livro de Josué, e examinar a história de Raabe.
Aparentemente Raabe, da cidade de
Jericó, não tinha marido. Ela creu e ganhou seu pai, sua mãe, seus irmãos e tudo
que ela tinha (Js 6:23). Deus poupou a todos mediante a fé dela. Não há limites
àquilo que Deus pode fazer.
Entretanto, a posição do pai no plano
de Deus é diferente de todos os outros membros da família. Se ele tomar sua
posição indicada por Deus, como chefe da sua casa, ele tem o direito de tomar
posse da salvação de toda a sua casa.
Este direito não se baseia
simplesmente na fé pessoal do pai, mas no ofício de paternidade que ele ocupa.
Eu creio que um estudo cuidadoso do
Novo Testamento revelará que na igreja primitiva a salvação não se destinava basicamente
a indivíduos, mas a famílias. Não era uma salvação individual que os apóstolos
pregavam. Era uma salvação por famílias. Uma igreja era formada por famílias
salvas. O pai cria, e toda a família entrava e servia a Deus na comunidade como
uma unidade. Eu creio que precisamos voltar ao mesmo padrão.
Observe também o acontecimento em
Marcos 9:14-29. Um pai trouxe a Jesus seu filho epiléptico. Em grande desespero
o pai pediu que Jesus fizesse algo por seu filho. O espírito maligno o jogava
no fogo, na água e o convulsionava. O pai estava tão desesperado que ele chegou
a fazer uma pergunta surpreendente a Jesus: “Se podes fazer
alguma coisa, tem compaixão de nós” (Mc 9:22).
Note como Jesus lhe respondeu. Ele
devolveu a responsabilidade ao pai. Ele disse: “Se tu podes crer!” Se o pai podia crer para quem? Para seu próprio
filho.
Eu tenho aprendido com este padrão na
minha própria experiência. Quando trazem
crianças que precisam de libertação de espíritos malignos, eu tenho aprendido a
não entrar de uma vez. Procuro saber primeiro onde estão os pais. “Se tu podes
crer, teu filho será liberto.” Não vejo uma vez nas Escrituras onde Jesus
libertou uma criança sem os pais. Ele sempre requisitava que os pais cressem a
favor dos filhos. A responsabilidade básica de crer a favor dos filhos está
sobre o pai. “Crê no Senhor Jesus, pai, e serás salvo, tu e tua casa.”
Na prática, comumente o pai é o último
que aparece com o filho necessitado. Geralmente quem traz é a tia, a avó, a
vizinha ou a mãe. Mas a pessoa principal nunca aparece.
OS DEVERES DO PAI
Os últimos capítulos de Efésios
mostram o que é a vida no Espírito. O andar no Espírito aparece através de
relacionamentos pessoais: esposas a maridos, maridos a esposas; pais a filhos e
filhos a pais; patrões a empregados e empregados a patrões.
Efésios 6:4 dá uma exortação muito
importante aos pais: “E vós, pais, não
provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do
Senhor.”
A palavra aqui traduzida “disciplina”
poderia também ser traduzida “educação”. E note que Paulo não está falando com
o pai e a mãe, mas somente com o pai. De quem é a responsabilidade de educar os
filhos? Do pai. Este é o evangelho, a nova aliança. Mais uma vez, Deus revela sua preocupação com o pai. É evidente que a
mãe trabalhará em conjunto com o pai. Mas a responsabilidade básica e primária
pertence ao pai. “Não provoqueis à ira os vossos filhos.” É verdade que
muitos pais provocam os seus filhos. Meu pai me provocou à ira quando eu tinha
apenas dois anos. Fiquei irado, e por muitos anos fui perseguido por este
demônio de ira que entrou em mim.
Um pai tem duas obrigações para com
seus filhos. A primeira é comunicação. A segunda é educação. Se as vias de
comunicação não permanecerem abertas entre o pai e seu filho, a educação deste
filho será impossível. Não é suficiente o pai dar instrução. O filho precisa estar
disposto a recebê-la. É por isto que o pai não pode provocar seus filhos à ira.
A fim
de evitar as atitudes negativas de rebelião e desânimo nos seus filhos, um pai
precisa dar tempo e atenção a cada filho individualmente. Cada criança precisa
ser amada e cultivada na sua personalidade individualmente. Não existem duas
crianças iguais. Uma disciplina que
beneficiará uma criança poderá oprimir a outra. É responsabilidade do pai descobrir
e pesquisar a personalidade de cada um de seus filhos, a fim de produzir nela,
não o pior e sim o melhor.
Não os provoqueis à ira, à amargura,
ou à queixa, mas ao amor e às boas obras. Criai vossos filhos na educação e
admoestação do Senhor.
DESOBEDIÊNCIA DOS
PAIS
Quando os pais falham nas suas responsabilidades
ordenadas por Deus resulta a maldição. No capítulo 28 de Deuteronômio,
encontramos todas as maldições que viriam sobre Israel como conseqüência da sua
desobediência à Palavra do Senhor. Uma destas maldições se refere à família.
Está no versículo 41, e se aplica perfeitamente à situação nos lares hoje:
“Filhos e filhas
gerarás, porém não te pertencerão (ou terás prazer neles); porque irão em
cativeiro.”
Quão poucos pais têm prazer nos seus
filhos hoje! Eu poderia contar poucos que eu conheço que realmente têm prazer
nos filhos. Por que isto acontece?
Por que quase uma geração inteira de
jovens tem entrado no cativeiro do ocultismo, das drogas e do sexo? Porque seus
pais falharam. Não existem jovens delinqüentes. Só existem pais delinqüentes!
Cada vez que encontro crianças necessitadas
de libertação, eu digo: “Filho problema significa pai-problema!” Até hoje nunca
fui enganado. Uma vez numa conferência, eu fui convidado a dirigir uma reunião
de libertação para crianças. Exigi que os pais das crianças estivessem presentes
na reunião também. Sabe o que aconteceu no fim da reunião? Estávamos orando pela
libertação dos pais!
Os problemas de crianças não se originam
com elas. Começam com os próprios pais. O maior fator responsável pela abertura
de crianças a ataques demoníacos é a desarmonia entre seus pais. Eu estou
plenamente certo de que em qualquer lar onde houver desarmonia entre os pais,
os filhos serão automaticamente expostos a ataques de demônios.
Geralmente eles não possuem defesas suficientes
para resistir a estes ataques. Onde fica a responsabilidade? Sobre os pais.
No livro do profeta Oséias, Deus
revela seu julgamento sobre a obstinação e desobediência do povo de Israel. É
uma descrição do povo de Deus hoje. As responsabilidades ordenadas por Deus têm
sido abandonadas. “O meu povo está sendo
destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4:6). Este é o
problema-chave. É a raiz do cativeiro, escravidão, destruição e opressão que
existem entre o povo de Deus. É a falta de conhecimento da Palavra de Deus. O
versículo continua: “Porquanto
rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas
sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu
me esquecerei de teus filhos.”
Ninguém pode ser sacerdote aos olhos de
Deus quando rejeita o próprio conhecimento de Deus! Este é o requisito de Deus
para o sacerdócio: que um homem seja instruído na Palavra. Malaquias 2:7 mostra
a função de um sacerdote em guardar e interpretar a lei de Deus. É da boca dos
sacerdotes que os homens devem buscar a instrução e a lei. Esta é a função do
pai na sua própria casa. Que acontece se ele não instruir a sua família na lei
do Senhor?
O fim do versículo diz: Deus vai se
esquecer dos seus filhos. Por que há tantos jovens e crianças hoje, aparentemente
esquecidos por Deus? Porque seus pais, e principalmente o pai, têm se esquecido
da lei do Senhor. A situação do mundo hoje é uma confirmação evidente e clara
de que Deus não estava brincando quando disse estas palavras em Oséias.
RESTAURAÇÃO DOS PAIS
No último livro do Velho Testamento,
numa profecia que nos leva até o fim desta época, imediatamente antes do grande
julgamento de Deus, Malaquias diz: “Eis que eu vos
enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; e
ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus
pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4:5,6).
Para que Elias precisa vir? O que ele
vai fazer? Qual será a grande necessidade da situação social e religiosa que
será encontrada ao findar este século?
Relacionamentos errados na família.
Pais e filhos fora do seu relacionamento correto. E Deus está dizendo que a
única coisa que o impedirá de ferir a terra com uma maldição será a conversão
dos pais aos filhos e dos filhos para os pais.
Mas para isto Deus há de levantar um
ministério que faça justamente isto. Converterá os corações dos pais a seus
filhos, e o coração dos filhos a seus pais. Note que há uma ordem imposta aqui.
Os pais se tornarão a seus filhos primeiro.
Reconciliação e restauração nos lares se iniciarão com os pais. Esta é a
mensagem do Espírito de Deus para nós hoje. Se os pais se voltarem a seus
filhos, certamente os filhos se tornarão a seus pais.
Esta não é uma mensagem de condenação.
Deus tem na sua Palavra maravilhosas promessas para aqueles que cumprirem as
suas condições, que se arrependerem dos seus caminhos, e que voltarem a Deus,
sujeitando-se a ele, e aceitando suas responsabilidades de pais. Leiamos duas
destas promessas. “Acaso tirar-se-ia a presa ao valente? ou serão libertados os
cativos de um tirano?
“Mas assim diz o
Senhor: Certamente os cativos serão tirados ao valente, e a presa do tirano
será libertada; porque eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus
filhos eu salvarei” (Is 49:24,25).
O julgamento de Deuteronômio 28 já
fora cumprido. Os filhos já tinham sido levados ao cativeiro. Eles é que eram as
presas do valente, justamente porque a lei tinha sido esquecida. Mas Deus está
prometendo salvar estes filhos. Pais, firmem-se nesta promessa.
Se vocês voltarem a Deus, se
arrependerem, e se sujeitarem a Deus, ele mesmo há de tomar os seus filhos
forçosamente da mão dos valentes, e os livrar.
Ainda em Isaías 59:20,21: “E virá um Redentor a Sião e aos que em Jacó se desviarem
da transgressão, diz o Senhor. Quanto a mim, este é o meu pacto com eles, diz o
Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua
boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca dos teus filhos, nem da boca
dos filhos dos teus filhos... para todo o sempre.”
Esta é uma promessa da restauração dos
últimos dias, e da volta do povo de Deus quando vier o libertador de Sião. Deus
está formando uma aliança com aqueles que se arrependerem e se voltarem das
suas transgressões. Ele está prometendo nunca mais retirar seu Espírito da boca
dos filhos e das futuras gerações daqueles que voltam ao Senhor.
A Palavra de Deus não é de condenação.
Se você, pai, tomar a sua posição como homem, abaixo de Deus, como chefe da sua
casa, Deus mesmo se encontrará com você e com toda a sua casa. E juntos
entrarão na provisão de Deus preparada para a família!
Fonte: Esta mensagem foi traduzida do original
em inglês, intitulado “Fatherhood”.
Direitos autorais pertencem a: NEW
WINE Magazine.
Copyright em abril, maio e junho de
1974.
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