Afirma
a Palavra de Deus que "tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso
ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das
Escrituras, tenhamos esperança" (Romanos 15.4). O Tabernáculo, construído
por Moisés no deserto, deixou profundas lições para a Igreja, tanto através da
rica tipologia dos seus objetos, como também pelo significado espiritual do
sacerdócio, dos sacrifícios e das celebrações anuais.
SEPARAÇÃO E
COMUNHÃO
O
Tabernáculo estava separado da congregação por uma cerca constituída de 60
colunas de bronze, sobre as quais apoiava-se um cortinado de linho branco, de
dois metros e meio de altura. Isso fala da separação entre Deus e o pecador
(Êxodo 38.10-15,19 31; Isaías 59.2). O número 6 e seus múltiplos, como no
caso dessas colunas, associam-se ao número 7, que é o número de peças do
Tabernáculo. Como o 6 relaciona-se com o homem e o 7 com Deus, temos no
Tabernáculo a comunhão, ou o encontro do homem com a Divindade. O número 6
aparece em muitos lugares do Tabernáculo, como nas duas fileiras de pães da
proposição, de seis cada uma, e no número de braços do candelabro de ouro
(excetuando-se a haste central, que apresenta Jesus como o tronco que sustenta
as varas).
AS COLUNAS E OS
VÉUS
As quatro colunas da entrada do
Tabernáculo têm também um significado muito importante. Em Êxodo 27.16 lemos:
"A porta do átrio haverá um reposteiro de vinte côvados, de estofo azul,
púrpura, carmesim e linho fino torcido, obra de bordador; as suas colunas serão
quatro, as suas bases quatro". Estas quatro colunas representam ou falam
da oportunidade para todos, pois o número quatro está sempre relacionado com a
plenitude da Terra. Todos têm oportunidade de entrar no Santuário (Mateus
24.31; João 3.16).
Os quatro véus que cobrem as quatro
colunas de entrada da tenda, por suas cores significativas, apontam-nos os
quatro Evangelhos, pela ordem em que estes aparecem no Novo Testamento.
Comparemos essas cores com os retratos de Jesus que os quatro evangelistas nos
deram:
1. A púrpura. Esta cor se
relaciona com a realeza e aponta para o Evangelho segundo Mateus, que é o
Evangelho do Rei. O Messias viria como Rei, conforme a profecia de Zacarias
9.9: "Eis aí o teu Rei". Por isso Mateus registra a genealogia
de Jesus, pois um Rei precisa provar a sua ascendência real.
2. O carmesim. O Evangelho
segundo Marcos está relacionado com a cor carmesim, ou seja, como sangue, que
aponta para o servo sofredor, para o Messias na cruz, conforme a profecia de
Isaías 42.1: "Eis aqui o meu servo, a quem sustento; o meu
escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele meu Espírito, e ele
promulgará o direito para os gentios". Mateus é decrescente, enquanto em
Marcos é crescente. Mateus diz: a 100, a 60 e a 30 por um, e Marcos
registra: a 30, a 60 e a 100 por um, e isso conforme as três principais
divisões do Tabernáculo: o Pátio, o Santuário e o Santo dos Santos.
3. Linho
branco. No Evangelho segundo Lucas temos o linho branco
apontando para o homem perfeito, para o caráter justo de Jesus. O Senhor, em
Lucas, cumpre a profecia de Zacarias 6.12: "E dize-lhe: Assim diz o Senhor
dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo: ele brotará do seu
lugar, e edificará o templo do Senhor".
4. Azul.
Finalmente chegamos à cortina azul, e essa cor indica sempre o Céu ou
aquilo que é celeste. Vemos em João o Evangelho do Filho de Deus. Jesus, como
Filho de Deus, cumpre a profecia de Isaías 40.9: "Tu, ó Sião, que anuncias
boas-novas, sobe a um monte alto! Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém,
ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá:
Eis aí está o vosso Deus". João não registra a genealogia de Jesus,
pois Deus não tem genealogia.
OS METAIS
1. O bronze. Os metais do Tabernáculo
são muito expressivos. Seguindo a ordem de entrada do pátio para o Lugar
Santíssimo, encontramos as colunas revestidas de bronze e com suas bases de
bronze, o grande altar todo revestido de bronze, situado logo após a porta do
Tabernáculo e a pia, ou lavatório, de bronze maciço. As passagens bíblicas de
Êxodo 27.17; Números 21.9; Jeremias 1.18; 6.28; 1 Coríntios 13.1; 2 Coríntios
5.21, indicam esse metal como o tipo de julgamento, de juízo. E o bronze, no
Tabernáculo, significa o julgamento do pecado. Também todos os cravos, ou
pregos, usados nesse Santuário, eram desse mesmo metal e apontavam para a
crucificação de Jesus no madeiro do Calvário.
2. A prata. Por sua vez, a
prata estava presente em todos os ganchos que ostentavam as cortinas do Tabernáculo
e também formava os capiteis ou faixas que ornamentavam essas cortinas. A prata
é o símbolo de resgate, e o mesmo preço seria pago por todo o israelita,
independentemente de suas posses.
3. O ouro. Se entrássemos
no Santuário propriamente dito, atravessando o segundo véu (que seria o
primeiro da parte coberta), encontraríamos nele as cinco colunas de ouro, que
sustentavam, com seus colchetes, também de ouro, as cortinas, ou o cortinado da
entrada, e notaríamos que as bases dessas colunas eram de bronze.
O
ouro que reveste a mesa, as colunas e a Arca, e de que se constituem os
colchetes, o Candelabro, o Propiciatório e os Querubins, aponta para a glória e
a realeza de Cristo.
OS NÚMEROS
De
uma maneira geral, os números que aparecem no Tabernáculo com mais freqüência
são:
1. Três. Corresponde às três
principais divisões do Tabernáculo: o Pátio, o Santuário e o Santo
dos Santos, e indica sempre perfeição, ressurreição ou renovação.
2. Quatro. Este número, como
já vimos, relaciona-se com a Terra e está presente nas colunas da entrada, nas
cores do Tabernáculo e concerne aos quatro Evangelhos, expressões que
falam dos quatro cantos da terra, aos quatro reinos em Daniel, etc.
3. Cinco.
Ele está na entrada do Lugar Santo, nas cinco colunas de ouro,
e indica sempre a graça divina, como nas virgens prudentes (Mateus
25.2), nos irmãos (Lucas 16.28), nos maridos (João 4.18) e nas palavras (1
Coríntios 14.19), e ainda nas medidas do Tabernáculo: 50 côvados de frente e
100 côvados de fundos, números que são múltiplos de cinco.
4. Seis. Aparece nas fileiras
de pães, no número de hastes que rodeiam a haste central do Candelabro, e,
também, como múltiplo no número de tábuas do Tabernáculo (48 ou 6 x 8) e como
múltiplo das colunas do Tabernáculo, que eram 60. Esse número aponta sempre
para o homem, que tem os seus dias e horas sempre divididos em 6. É o número do
homem.
5. Sete.
Aponta para a perfeição espiritual ou plenitude espiritual, e no Tabernáculo
está presente nas lâmpadas e nas peças principais.
6. Dez. Aparece como
múltiplo de seis: 6 x 10 = 60 (sessenta colunas); 10 x 5 = 50 (cinqüenta
côvados de largura); e 10 x 10 = 100 (cem côvados de comprimento). Indica ordem
perfeita e responsabilidade pessoal, como nos dez mandamentos, no dízimo,
comprimento das tábuas, nas dez virgens, nas dez dracmas, no número de
cortinas, etc.
7. Doze. Aparece no número
de pães e, como múltiplo, nas tábuas do Tabernáculo (20 tábuas do lado Sul, 20
do Norte, seis do Ocidente, e mais uma em cada canto ocidental da Tenda da
Congregação, perfazendo 48 tábuas). Esse número sugere o perfeito viver, como
número do povo de Deus: doze tribos de Israel e doze apóstolos do Cordeiro, e o
seu múltiplo - 48 - indica que o Tabernáculo representa todo o povo de Deus,
incluído tanto o do Antigo como o do Novo Testamento. O número 48, como 4 x 12,
relaciona o povo de Deus com a plenitude da Terra. Assim, todo o povo de Deus,
de toda a Terra, está representado no Tabernáculo.
AS TÁBUAS
1. Sua
origem.
As
tábuas vieram da floresta. Cada tábua representa um cristão. Nós, como crentes,
fomos cortados, derrubados aos pés de Cristo pelo arrependimento, quando
ouvimos o Evangelho, a Palavra de Deus. Como espada, ela nos colocou por terra,
e, depois de derrubados, fomos trazidos para a Casa de Deus. Viemos da maneira como
caímos, mas na Casa de Deus fomos trabalhados, conforme Efésios 2.1-3:
2. Seu despojamento. Embora tenhamos
sido trazidos para a Casa de Deus no estado bruto, passamos pelo despojamento.
Para esse trabalho, o escultor, ou o carpinteiro, usa as ferramentas
apropriadas para o desbaste da casca e dos nós. Tudo precisa ser despojado
pelas afiadas ferramentas do hábil carpinteiro de Nazaré: "Nele também
fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo
da carne, que é a circuncisão de Cristo". "Agora, porém,
despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência,
linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos
despistes do velho homem com os seus feitos" (Colossenses 2.11; 3.8,9).
3. Seu revestimento. Note que essas
tábuas foram cobertas de ouro. O ouro fala de realeza, de glória:
"Revestirás as tábuas de ouro. De ouro farás também as argolas em que
passarão as travessas, recobrindo inclusive estas de ouro" (Êxodo 26.29).
Em Apocalipse 1.6 afirma a Bíblia: "E nos constituiu reino, sacerdotes
para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos.
Amém". "E para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e
reinarão sobre a terra" (idem 5.10). Aqui o crente, depois de despojado de
todas as rugas do pecado, é glorificado com o ouro da glória de Deus, feito
participante da realeza de Cristo e constituído rei e sacerdote.
4. Suas bases. Estas tábuas,
como já vimos, foram colocadas em bases de prata. Toda a nossa firmeza, toda
nossa aparência real descansa em bases de prata - símbolo de resgate, de
redenção. Há outro interessante aspecto relacionado com as tábuas: é que,
embora as madeiras fossem muito diferentes entre si quando trazidas para o
Tabernáculo, agora, depois de trabalhadas, ficaram todas iguais. Aos olhos de
Deus não há uns melhores que outros. Deus não faz acepção de pessoas:
"Onde não pode haver grego nem judeu, circuncisão, bárbaro, cita, escravo,
livre; porém Cristo é tudo e em todos"; "porque para com Deus não há
acepção de pessoas" (Colossenses 3.11; Romanos 2.11).
AS TRAVESSAS
As
travessas, ou barras de madeira que mantinham as tábuas de pé e unidas, eram
também revestidas de ouro: "Farás ainda travessas de madeira de acácia;
cinco para as tábuas dum lado do Tabernáculo, cinco para as tábuas do outro
lado do Tabernáculo e cinco para as tábuas do Tabernáculo ao lado posterior que
olha para o Ocidente. A travessa do meio passará ao meio das tábuas de uma
extremidade à outra" (Êxodo 26.26-28). Essas travessas apontam para a
união espiritual descrita no Salmo 133 e em João 17.22,23.
As
travessas, por serem em grupos de cinco, apontam também para os ministérios
descritos em 1 Coríntios 12.5 e Efésios 4.9-13: "E também há diversidade
nos serviços, mas o Senhor é o mesmo". "Ora, que quer dizer subiu,
senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra? Aquele que
desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as
cousas. E ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo". Esses ministérios sustentam a Igreja.
As
Peças do Tabernáculo
A
Arca e o Altar de Bronze apresentam, em certo sentido, dois extremos. O primeiro
era o trono de Deus estabelecido em justiça e juízo (Salmo 89.14). O último era
o lugar onde o pecador podia aproximar-se, porque a misericórdia e a verdade
iam adiante do rosto de Jeová.
ALTAR DO
HOLOCAUSTO
Essa
peça, também chamada na Bíblia de o Altar da Transferência, era a maior peça do
Tabernáculo e apontava para a cruz de Jesus.
BACIA DE BRONZE
Simbolizando
a Palavra de Deus, esta peça continha água na qual os sacerdotes teriam de se
lavar cada vez que ministrassem no Altar de Bronze.
A MESA DOS PÃES
DA PROPOSIÇÃO
Essa
mesa, que também se chamava Mesa da Presença, tinha um metro de comprimento,
por 50 centímetros de largura e 75 de altura. Sobre ela ficavam os 12 pães da
presença, representando todo o povo de Deus. Eram comidos pelos sacerdotes a
cada sábado, e no mesmo dia substituído. Esses pães indicam a pessoa de Jesus
como o Pão da Vida, o alimento espiritual do povo de Deus.
O CANDELABRO
No
lado esquerdo de quem entra no Santuário está o Candelabro de Ouro, feito com
ouro batido e pesando 30 quilos. Ele indica a iluminação e a direção do
Espírito Santo. O Espírito Santo não foi dado antes de Jesus ter sido
glorificado. (Compare-se João 7.39 com Atos 19.2-6.) Em Apocalipse, capítulo 3,
Cristo é apresentado à igreja de Sardo como aquele que tem os sete espíritos.
Quando o Senhor Jesus foi exaltado à destra de Deus, então derramou o
Espírito Santo sobre a sua Igreja, a fim de que ela pudesse brilhar segundo o
poder e a perfeição da sua posição no lugar santo, a sua própria esfera de ser,
de ação e de culto.
O
ALTAR DO INCENSO
Representando
as nossas orações e a nossa adoração, o Altar do Incenso era uma peça de
madeira toda coberta de ouro, tinha 50 centímetros de cada lado e um metro de
altura. Ele ficava diante do terceiro véu.
A ARCA
Colocada
dentro do Santo dos Santos, a Arca era uma peça de madeira de acácia toda
revestida de ouro por dentro e por fora. Media 125 centímetros de comprimento
por 75 de largura e 75 de altura. Ela representa a base do trono de Deus, pois
sobre ela ficava o Propiciatório com os querubins da glória. Em Isaías 53.2
temos a humanidade de Jesus representada na acácia, madeira do deserto.
A Arca tipifica a presença de Deus com o seu
povo: "Ali me encontrarei contigo, e de cima do propiciatório, do meio dos
dois querubins colocados sobre a arca da aliança, eu te comunicarei tudo que
ordenar aos israelitas". "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um
filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)"
- (Êxodo 25.22; Mateus 1.23). A Arca estava no Lugar Santíssimo. "Como
ministro do santuário e do verdadeiro Tabernáculo que o Senhor erigiu, não o
homem. Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do
verdadeiro, porém no mesmo Céu, para comparecer, agora, por nós, diante de
Deus" (Hebreus 8.2; 9.24).
O
PROPICIATÓRIO
Esta
peça, feita de ouro puro, representa o trono de Deus (Isaías 6.1). Era um trono
de misericórdia, pois a palavra propiciatório significa "onde Deus
nos é propício", nos é favorável. "Ele é a propiciação pelos nossos
pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo
inteiro" (1 João 2.2).
O
Propiciatório era guardado pelos querubins, símbolo do poder de Deus:
"tendo expulso o homem, colocou diante do jardim do Éden os querubins com
o cintilar da espada fulgurante, para guardar o caminho da árvore da vida"
(Gênesis 3.24).
UNCÃO E ASPERSÃO
A
Bíblia também fala da unção e da aspersão do Tabernáculo e diz que só foi
enchido de glória divina depois de ter sido ungido de azeite santo e aspergido
com sangue: "Então Moisés pegou o óleo da unção, ungiu o Tabernáculo e
tudo o que nele havia, para consagrá-lo. Aspergiu sete vezes o altar, e ungiu-o
com todos os utensílios, bem como a bacia com o suporte, consagrando-os"
(Levítico 8.10,11). "Tomando um pouco do sangue com o dedo, o sacerdote
Eleazar, respingará sete vezes em direção à fachada da tenda de reunião"
(Números 19.4).
NO PRÓXIMO ARTIGO VAMOS FALAR UM POUCO SOBRE SACERDÓCIO, E SUA CONSAGRAÇÃO.
FONTE:
Trechos tirados do livros de Abraão de Almeida- O tabernáculo e a Igreja.