quarta-feira, 1 de junho de 2016

O Sacerdócio


 A SEPARAÇÃO DOS SACERDOTES

1. Os sacerdotes se ocupavam em servir a Deus, enquanto os levitas em servir aos sacerdotes: "Depois manda que do meio dos israelitas se aproximem a ti o teu irmão Arão e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar, para que me sirvam como sacerdotes" (Êxodo 28.1). A Igreja deve ser como um sacerdócio, a fim de oferecer sacrifícios espirituais a Deus: "Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo" (1 Pedro 2.5).
2. Os sacerdotes precisavam ser parentes do sumo sacerdote e vestirem-se formosamente, "pois tanto o que santifica, como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos" (Hebreus 2.11). O crente tem de pertencer à família de Cristo pelo novo nascimento, e de estar vestido com vestes de justiça e de glória. Jesus deixou isso bem claro na parábola das bodas: "E perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu" (Mateus 22.12).
3. Os sacerdotes eram constituídos em favor dos homens nas coisas pertencentes a Deus (Hebreus 5.1-3). Os crentes, como sacerdotes, entram na presença de Deus em favor dos homens. O sacerdócio universal dos crentes foi uma das doutrinas basilares da Reforma Protestante.

A CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES

1. Antes da mediação, o sacerdócio. Cristo não é sacerdote para o mundo, mas para a Igreja. "É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra" (João 17.9,20).
2. Os sacerdotes não se consagram a si mesmos. Eles são consagrados por outrem. Devemos apenas apresentar nossos corpos: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Romanos 12.1).
3. Os sacerdotes tinham de ser lavados com água. O texto de Êxodo 29.4 diz: "Mandarás avançar Arão e seus dois filhos até a entrada da tenda de reunião, e os lavarás com água". A grande necessidade e a importância da pureza moral, ou santidade, podem ser avaliadas nestas passagens: "Retirai-vos, retirai-vos, saí de lá, não toqueis cousas imundas; saído meio dela, purificai-vos, os que levais os utensílios do Senhor" (Isaías 52.11).
4. Arão foi primeiramente lavado e depois ungido: "Tomaras o óleo da unção e, derramando-lhe sobre a cabeça, o ungirás" (Êxodo 29.7). "Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele" (Mateus 3.16). "Oh! como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! E como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão!" (Salmo 133.1,2). Jesus, seguindo a ordem da consagração dos sacerdotes, foi primeiramente batizado nas águas, e depois ungido com o Espírito Santo.
5. Arão, o sumo sacerdote, como tipo de Cristo, é ungido antes dos sacrifícios. No caso dos sacerdotes, porém, como tipos dos crentes, o sangue precede a unção.
6. A unção do sumo sacerdote indicava que ele havia de estar cheio do Espírito Santo para edificação e alegria do povo: "Não saireis da porta da tenda da congregação, para que não morrais: porque está sobre vós o óleo da unção do Senhor. E fizeram conforme a palavra de Moisés" (Levítico 10.7).Um detalhe interessante na consagração do sacerdote é que o sacerdócio de Jesus é segundo a ordem de Melquisedeque e não segundo a de Arão. Somente o sacerdócio de Melquisedeque foi constituído com juramento. "O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque". "E visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem juramento, são feitos sacerdotes, mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre)" (Salmo 110.4 e Hebreus 7.20,21).


AS VESTES SACERDOTAIS

As roupas santas apontavam para a justiça de Cristo (Apocalipse 19.8), e indicavam que os sacerdotes eram homens ativos e preparados para a obra de Deus.
1. A túnica. Esta é a primeira peça descrita em Êxodo 28.39: "Mandarás tecer a túnica e a mitra de linho fino, e bordar artisticamente o cinto". A túnica de linho fino era uma peça interior, representando o Evangelho, que não pode ser partido ou fragmentado
2. A sobrepeliz.(Êxodo 28.31-35). O manto do éfode, ou sobrepeliz, era uma peça curta, feita em azul. Possuía uma abertura para a cabeça e era bordada com romãs em azul, púrpura e carmesim. Havia também campainhas de ouro, entre uma romã e outra. Os frutos só podem surgir de uma vida redimida (carmesim), santificada (fundo branco), glorificada (a púrpura), e assentada nos lugares celestiais (o azul). Estas cores correspondem ao estado do crente conforme Efésios 2.5,6. As campainhas de ouro, que falam da adoração, ou glorificação, estão acompanhadas das romãs, um tipo da frutificação. O verdadeiro louvor e a verdadeira adoração só acontecem, só se tomam efetivos, quando há frutificação.
3. A estola. Também conhecida por éfode, a estola sacerdotal está descrita em Êxodo 28.6-12:Esta peça dividia-se em duas partes: frente e costas, unidas por duas pedras de ônix, com os nomes das doze tribos que Arão levava diante do Senhor. Sobre seus ombros Jesus suporta, com o seu poder, todo o seu povo. Notem também as cores desta peça: o ouro, o azul e o carmesim, que falam dos aspectos do caráter de Jesus.
4. O peitoral: Diferentemente da estola, onde Cristo suporta sobre seus próprios ombros o seu povo, no peitoral esse mesmo povo, agora representado por doze pedras, está no coração de seu Senhor e Salvador. "Quão animador é para os filhos de Deus, que são provados, tentados, zurzidos e humilhados, pensar que Deus os vê sobre o coração de Jesus! Perante os seus olhos, eles brilham sempre em todo o fulgor de Cristo, revestidos de toda a graça divina. O mundo não pode vê-los assim; mas Deus vê-os desta maneira, e nisto está toda a diferença. Os homens, ao considerarem os filhos de Deus vêem apenas as suas imperfeições e defeitos, porque são incapazes de ver qualquer coisa mais; de sorte que o seu juízo é sempre falso e parcial. Não podem ver as jóias brilhantes com os nomes dos remidos gravados pela mão do amor imutável de Deus". (Mackintosh, ob.cit.,pp. 241,242.)
5. O cinto. "O cinto que está por cima do éfode será do mesmo tecido: de ouro, de púrpura violácea, vermelha e carmesim e de linho fino torcido. O peitoral se unirá por suas argolas às do éfode com um cordão de púrpura violácea, para que o peitoral fique por cima do cinto do éfode, e não se desprenda do éfode" (Êxodo 28.8,28. O cinto é tipo da verdade, como escreveu Paulo: "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos da couraça da justiça" (Efésios 6.14). A verdade confere estabilidade ao caráter, unindo todas as virtudes. Por ser muito largo e longo, moderava o movimento do sacerdote. A Palavra de Deus impõe disciplina, prudência e modifica a nossa maneira de andar e de viver: "Educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tito 2.12,13).
As três palavras do texto citado indicam que o crente tem de viver sua vida de maneira sensata, justa e pia. São as três principais fases da corrida cristã: sensata é a vida vivida de bem com nós mesmos. A vida justa é aquela vivida de bem com nosso próximo, e a vida piedosa é aquela vivida de bem com Deus. Primeiramente o crente tem de resolver o seu próprio problema, buscando viver de bem consigo mesmo. Então pode viver em paz com os seus semelhantes, e, finalmente, levar uma vida piedosa, vivendo em perfeita harmonia com o próprio Deus.
6. A mitra. Era um turbante de linho fino, apropriado para cobrir a cabeça do sumo sacerdote, que tinha, na parte dianteira, uma placa de ouro com a inscrição: "Santidade ao Senhor (Êxodo 28.36-38). O apóstolo Paulo tem em mente a mitra, quando escreve: "Tomai também o capacete da salvação..." (Efésios 6.17). A placa de ouro com as palavras "Santidade ao Senhor" mostra que sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hebreus 12.14).
7. Calções de linho. Cobriam dos lombos às coxas, e indicavam que todo o serviço devia ser espontâneo: "Faze-lhes também calções de linho para cobrirem a pele nua: irão da cintura às coxas" (Êxodo 28.42): "Tiaras de Unho lhes estarão sobre as cabeças, e calções de Unho sobre as coxas; não se cingirão a ponto de lhes vir suor" (Ezequiel 44.18).

FONTE: Trechos tirados do livros de Abraão de Almeida- O tabernáculo e a Igreja.

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