Como deveria funcionar a estrutura de autoridade e governo na igreja?
A várias práticas na igreja que, na grande maioria das vezes, e
completamente diferentes daquilo que há nas Escrituras. Assim, aquilo que
passarei a escrever é um compêndio do assunto em questão de diversas
literaturas e pesquisas para estudarmos.
Vamos ser contestado por alguns posicionamentos que vamos tomar. Porém nosso
compromisso não é com a tradição e muito menos com alguma instituição, mas com
Deus e com a restauração de sua igreja.
Cobertura Espiritual
Nas duas últimas décadas uma prática tomou conta das igrejas. A prática
da “cobertura espiritual”. Esta prática não era conhecida até o surgimento das
igrejas independentes na década de 1970. Para que estas igreja independentes
não ficassem a mercê unicamente de seu líder máximo, e para
que houvesse proteção do pastor, dos membros da igreja local (independente) e,
de forma geral, da igreja global (evitando escândalos e desvios), foi criada
uma forma de segurança através da cobertura espiritual a quem aquele líder ou
igreja se submete. Nas denominações tradicionais por muito tempo não se falou
sobre este assunto, a ainda não se fala em muitas delas, pois a questão da
cobertura espiritual está intrincica nas linhas de governo e autoridade da
denominação.
Porém a prática de “cobertura espiritual” se multiplicou, criando várias
formas e conceitos, indo de uma cobertura espiritual apenas verbal e formal até
uma prestação de contas minuciosa, tendo que o discípulo prestar conta dos
mínimos detalhes de sua vida a sua “cobertura”. Começaram a surgir variáveis
como cobertura para igreja e cobertura para pessoa. Muitos pastores hoje tem
até três “cobertura espirituais“. Uma cobertura pessoal, outra para o modelo de
igreja que escolheram seguir e outra a denominação a que pertencem.
A “cobertura espiritual”, na própria semântica da palavra, contém a
compreensão de proteção. O entendimento é que toda pessoa que se encontra
debaixo de uma “cobertura espiritual” está automaticamente debaixo de proteção.
A cobertura funcionaria como um guarda-chuva de proteção contra os ataques e
ciladas do inimigo.
Mesmo que no conceito de “cobertura espiritual” esteja a idéia de
submissão e prestação de contas a uma autoridade espiritual, na prática isto
não tem funcionado desta maneira. A grande maioria tem falado que está debaixo
de uma certa “cobertura espiritual”, porém não tem nem sequer tido contato por
um longo período de tempo com esta pessoa, muito menos se submetido a sua
orientação e a prestação de contas.
A “Cobertura Espiritual” na Bíblia
Por
incrível que pareça não existe nenhum exemplo bíblico daquilo que chamamos hoje
de cobertura espiritual. Existem sim, muitos exemplos de discipulado (Moisés e
Josué, Elias e Eliseu, Jesus e os 12 apóstolos, Paulo e Timóteo, entre outros),
porém não há exemplos de “cobertura espiritual”.
Enquanto
no disipulado o discípulo é levado a seguir o modelo de seu mestre
(discipulador), a “cobertura espiritual” tem apenas uma conotação de proteção e
não segue a essência do discipulado, ou seja, a imitação de um modelo (Fp
3:17).
Historicamente
tem se visto que a igreja tem desenvolvido sistemas alternativos para
solucionar carências em alguma área da igreja. As organizações
para-eclesiásticas tem se desenvolvido exatamente neste mercado. Alternativas
tem sido desenvolvidas para tapar a brecha daquilo que tem sido negligenciado
pela igreja.
Creio
que o modelo de igreja desenvolvido por Deus é completo em si mesmo. Quando se
mexe no modelo estabelecido por Deus, como tem acontecido através dos séculos,
é necessário desenvolver alternativas paralelas para que o sistema venha a
funcionar. Assim são incorporados apêndices na igreja para tornar viável seu
funcionamento. Não sou contra as estruturas para-eclesiásticas, pois graças a
elas chegamos onde estamos. Porém precisamos caminhar para o modelo de igreja
neotestamentária.
A
cobertura espiritual se tornou uma destas invenções. Graças a Deus pela
“cobertura espiritual”, pois apesar dela ser uma disfunção bíblica, ela veio
resolver uma situação causada por outra disfunção bíblica, igrejas e pessoas
independentes. Nem uma e nem outra seguem o modelo bíblico.
A Limitação da “Cobertura Espiritual”
Na realidade
aquilo que chamamos de cobertura espiritual é uma pequeníssima parte de um
verdadeiro discipulado. Jesus não nos chamou para darmos ou termos cobertura,
mas para sermos e fazermos discípulos. Analisemos a raiz da palavra cobertura
através de um exemplo. Numa guerra um soldado pode pedir a outro que lhe dê
“cobertura” enquanto faz uma investida no campo do inimigo. O seu colega que o
cobre, na verdade o irá proteger. Mas a pergunta é: o soldado que está sendo
protegido está fazendo a coisa certa? Quem garante que esta é a melhor
estratégia? Foi decisão dele ou alguém lhe deu ordens para fazer aquilo daquela
forma? E ainda mais, se por algum motivo qualquer ele se expor, mesmo que
esteja sendo coberto, estará ele protegido e seguro?
Trazendo
para dentro da igreja, “cobertura espiritual” não é sinônimo de segurança, pois
mesmo que se esteja debaixo de cobertura, pode se estar fazendo a coisa errada
de forma errada, ou fazendo a coisa certa de forma errada, ou fazendo a coisa
errada de forma certa, pois a cobertura não tem o objetivo de dar direção, mas
proteção, pois a própria semântica da palavra traz esta conotação. Isto
significa que uma pessoa pode estar sob cobertura espiritual, e ao mesmo tempo
pode estar agindo de forma equivocada, perdendo seu tempo, não produzindo
resultados e sendo destruída. Como no exemplo do soldado sendo protegido, a cobertura
apenas garante uma limitada segurança contra algum inimigo que é viso e
percebido pela cobertura, mas não dá garantia de se estar trilhando o caminho
correto.
Cobertura ou Fundamento?
Quando
a chuva cair, os rios transbordarem e os ventos sobrarem, não adianta termos um
bom telhado (cobertura) em uma casa para que ela não caia, mas como a palavra
de Deus diz, temos que ter um bom fundamento. A maior proteção que uma pessoa
pode ter para que tenha estabilidade, é estar alicerçada sobre um bom fundamento
(Mt 7:24-27). O fundamento por si só faz o trabalho de proteção contra as
muitas águas, os fortes ventos e as tempestades, circunstâncias estas criadas
pelo inimigo para destruir nossas vidas. O fundamento é que traz a segurança e
proteção que a maioria dos cristãos espera encontrar em uma “cobertura”. Se
quisermos ser vencedores temos que correr desesperadamente atrás de um bom
fundamento e não atrás de uma boa cobertura.
A “Cobertura Espiritual” como fonte de altivez
Hoje se tem
falado muito sobre “cobertura espiritual”. Porém, infelizmente, no meio
daqueles que são sinceros, honestos e querem verdadeiramente ser obedientes a
Deus, há alguns que querem alguém com quem possam se aliançar e, através desta
aliança, alcançar projeção e visibilidade no meio eclesiástico. Querem que suas
“coberturas” sejam pessoas famosas e de prestígio, para serem vistos com
aqueles que são importantes.
Por
outro lado também tenho visto pessoas oferecendo “cobertura espiritual” como se
fosse um negócio, para poderem dizer aos outros que tem uma grande quantidade
de pessoas debaixo de sua “cobertura”, o que os tornam mais importantes e
influentes. Transformaram o amor num negócio. De fato, a questão de “cobertura
espiritual”, em muitos casos, tem se tornado um meio de expressar soberba,
altivez, orgulho e arrogância. Não foi este o plano de Deus para a arquitetura
das linhas de autoridade na igreja.
A construção da igreja (e de nossas vidas) deve ser
baseada num projeto
Se
quisermos edificar uma casa de forma segura, correta e que subsista ao tempo
temos que buscar engenheiros e arquitetos que farão um projeto e nos darão
sábias orientações que servirão de base para construirmos. Da mesma forma
quanto a igreja. Se quisermos edificar a igreja de forma correta e segura e que
subsista as intempéries espirituais temos que seguir a orientação de exímios
arquitetos ou construtores espirituais. Não basta termos um bom telhado
(cobertura) para que uma edificação subsista ao tempo. Temos que ter um bom projeto.
Temos que ter uma boa base.
Deus deu
capacitação sobrenatural a algumas pessoas para serem estes arquitetos
espirituais de sua igreja, ou seja, pessoas dotadas com aptidões espirituais
para fazerem o projeto e darem orientações sábias que sirvam de base para se
edificar a igreja. Se não tivéssemos pessoas com estes dons na igreja,
estaríamos em sérios problemas, pois cada um construiria conforme seu
pensamento, sem sabedoria e entendimento, o que resultaria em uma igreja
edificada de forma irresponsável que não suportaria aos terremotos da vida.
Quem são os arquitetos espirituais da igreja?
O
apóstolo Paulo escreveu que “segundo
a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele” (I Co 3:10). A palavra grega traduzida
como construtor é ARCHITEKTON, de onde deriva a palavra arquiteto. Um arquiteto
é uma pessoa cuja profissão é preparar projetos para edificações e exercer a
superintendência geral em sua construção. Um arquiteto faz projetos de
estruturas complexas, e orienta como edificá-las. Ele planeja e constrói para
alcançar resultados desejados. Ele faz projetos e tem estratégias definidas em
como construir.
Paulo
se auto identificava como um arquiteto espiritual. Ele reconhecia que não era
apenas um simples arquiteto, porém, como escreveu, ele se intitulava como sendo
um prudente arquiteto. A palavra grega usada para prudente significa alguém
perito em sua atividade. Uma pessoa experiente e sábia naquilo que faz. Isto
significa que Paulo tinha aptidões diferenciadas dadas por Deus (dons) para
estabelecer as bases arquitetônicas da igreja. Aquilo que Paulo ensinava era um
projeto espiritual com as devidas estratégias para edificação da igreja. Seus
ensinamentos explicavam como Paulo, através de seus atributos especiais, ou
seja, através da graça que Deus lhe havia concedida, recebera revelação e havia
concebido a igreja. Os ensinamentos apostólicos eram projetos espirituais com
suas devidas estratégias para trazer a cabo estes planos. Esta é uma das
principais funções apostólicas.
Quem quiser
andar num modelo verdadeiramente bíblico precisa estar construindo sobre as
bases apostólicas. São os apóstolos que receberam a função e os dons
necessários para estabelecerem os fundamentos, ou seja, as bases arquitetônicas
da igreja. Quem construir fora destas bases estará fora da concepção de
funcionamento que Deus fez para sua igreja. A segurança está em construir sobre
as bases corretas e não apenas ter a cobertura correta. Desta forma, a
verdadeira “cobertura espiritual” é construir sobre os fundamentos
apostólico-proféticos.
Quando
se fala em “cobertura espiritual” sobretudo fala-se em fundamento apostólico.
“Cobertura espiritual” sem entendimento claro do que é “fundamento apostólico”
é como querer construir uma casa sem que se saiba o que é o alicerce. A Bíblia
diz que “com a sabedoria
edifica-se a casa, e com a inteligência ela se firma” (Pv 24:3). Na Bíblia a casa é figura
da vida de uma pessoa ou da igreja. Tomando este verso de Provérbios pode-se
dizer que para se edificar a vida de uma pessoa ou para se edificar uma igreja
local é necessário sobretudo de sabedoria e não somente boas intenções.
Toda
estrutura de uma casa depende de seu fundamento. Quanto mais forte o fundamento
maior a possibilidade de se edificar um grande edifício sobre ele. Quem
constrói sem fundamento é como se estivesse construindo sem alicerces. Logo
quando soprarem os ventos a casa cairá.
Por
isso a Bíblia dá tanta ênfase ao fundamento, pois dele depende toda estrutura
de uma “casa”. Se uma pessoa ou uma igreja não está bem fundamentada, ela não
tem estrutura para suportar as dificuldades que virão, nem terá capacidade de
crescer para se tornar uma grande obra.
O que é o Fundamento na Bíblia?
Se quisermos
receber ou dar o que se chama hoje de “cobertura espiritual” para edificarmos a
vida de pessoas e igrejas locais temos que ter em mente muito claramente
de que se constitui o fundamento. Ao observarmos na Palavra de Deus, vemos que
o fundamento é constituído de vários componentes:
Jesus é o fundamento. I Co 3:11 diz: “porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é
Jesus Cristo”. Jesus é o fundamento da igreja. A construção de uma
casa (vida ou igreja) começa pelo fundamento. Nos tempos bíblicos, a pedra
angular era a primeira pedra colocada em um vértice do fundamento de um prédio
e esta pedra tornava-se o referencial para construção de toda edificação. Toda
construção partia desta pedra. Todas medidas partiam desta pedra. Ela era o
início e a base de tudo. A bíblia nos diz que “ele mesmo, Cristo Jesus, é a pedra angular”
(Ef 2:20, I Pe 2:7).
Doutrinas Básicas fazem parte do fundamento. Hb 6:1-2
nos diz: “deixando os
rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de
novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da
doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e
do juízo eterno.” Existem
certas doutrinas básicas que fazem parte de nosso fundamento. Estes
ensinamentos são básicos e não podem ser removidos da base da igreja. Ninguém
tem o direito de mexer ou retirar algum deles com o risco de toda casa cair.
Os Apóstolos
e Profetas também
são o fundamento. A função de Jesus no fundamento da igreja é única. Ele é a
pedra angular. A pedra angular é apenas uma parte do fundamento. Se Jesus é a
pedra angular do alicerce ele não é todo fundamento. Como vimos, as doutrinas
básicas também fazem parte do fundamento da igreja. Jesus tem uma função
específica e única no fundamento, mas não exclusiva. Além de Jesus, os
ensinamentos que partem dele, da pedra angular, também fazem parte do fundamento.
Da mesma forma, os apóstolos e profetas que também partem dele igualmente fazem
parte do fundamento da igreja. A Palavra de Deus diz: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Ef 2:20). Uma das poucas vezes que Jesus
falou a respeito da igreja ele afirmou ao apóstolo Pedro: “eu te digo que tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 16:18). Temos aqui dois
entendimentos:
Os próprios apóstolos e profetas são o fundamentos. No livro de Apocalipse o apóstolo
João nos fala a respeito da nova Jerusalém: “a
muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Ap 21:14). Além de Jesus
especificamente dizer que sobre Pedro (literalmente pedra, rocha) seria
edificada a igreja, também no livro de Apocalipse nos é exemplificado que o
fundamento da muralha da nova Jerusalém tinha o nome dos 12 apóstolos do
Cordeiro. O significado dos apóstolos e profetas serem o fundamento está em que
eles são as estruturas fortes da igreja visível que sustentam no cotidiano a
sua força, estatura, expansão e caráter.
Os ensinamentos apostólicos são o fundamento. O apóstolo Paulo escreveu: “segundo a graça de Deus que me foi
dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele.” Paulo estabeleceu ensinamentos como
fundamento para que outros edifiquem sobre estas bases. Os ensinamentos
apostólicos também faziam parte do fundamento da igreja primitiva.
Jesus é a
pedra angular do fundamento da igreja de onde parte todo edifício (I Co 3:11,
Ef 2:20, I Pe 2:7). As doutrinas básicas (Hb 6:1-2) e as pessoas e ensinamentos
dos apóstolos e profetas (Ef 2:20), que tem origem na própria pessoa de Jesus
que é a pedra angular, também são parte do fundamento da igreja. A pessoa de
Jesus e as doutrinas básicas é algo claramente entendido e aceito na igreja,
porém o entendimento de que os apóstolos e profetas com seus ensinamentos
também fazem parte do fundamento da igreja é algo novo. Com base neste
entendimento está toda compreensão bíblica daquilo que chamamos hoje de
“cobertura espiritual”. Por isso vamos nos deter mais pormenorizadamente neste
ponto.
Apóstolos e Profetas como Fundamento da Igreja
Observemos
o que o apóstolo Paulo escreve em sua carta aos Romanos: "esforçando-me, deste modo, por pregar
o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio" (Rm 15:20). Através deste texto
podemos entender algumas coisas que nos ajudarão a compreender a respeito do
que significa o fundamento apostólico.
Primeiro,
através deste texto entendemos que havia diferentes fundamentos. Paulo fala de
um fundamento alheio, ou seja, um fundamento que não pertencia a ele, um
fundamento de outro apóstolo e/ou profeta (pois eram os apóstolos e/ou profetas
que estabeleciam fundamentos na igreja conforme Ef 2:20). Entendemos
então que na igreja primitiva havia o fundamento de Paulo e o fundamento de
outros apóstolos e profetas, ou seja, havia muitos fundamentos
apostólico-proféticos.
Segundo,
este fundamento, diferente do de Paulo, também era cristão, uma vez que
provinha da pregação do evangelho.
Terceiro, Paulo não escreveu que este
fundamento alheio ao dele tinha algo de errado. Pelo contrário. Ele dava
liberdade para continuar a se expandir livremente onde havia sido estabelecido,
sem fazer nenhuma advertência ou objeção. Além disto, ele se sentia confortável
que o evangelho estivesse sendo pregado daquela forma naquele lugar ao ponto de
não permanecer naquele território, partindo para outros lugares onde o
evangelho ainda não havia sido pregado. Se houvesse alguma coisa errada, ele
certamente faria alguma advertência, tentaria colocar as coisas em ordem ou
permaneceria naquele lugar para pregar seu fundamento (se considerasse que o
fundamento que ele pregava fosse o único correto e aceitável).
Através
deste texto entendemos que havia alguma diferença ente um apóstolo e outro no
que tange ao que pregavam. Não eram diferenças que comprometiam o puro
evangelho, a fé ou as doutrinas bíblicas, porém eram diferenças individuais que
diferenciavam um apóstolo de outro. Diante disto, surge a pergunta: o que são
estes fundamentos apostólico-proféticos? Antes de explicar o que são os
fundamentos apostólico-proféticos, gostaria de explicar o que eles não são:
1.
O fundamento apostólico-profético não é uma nova doutrina que venha
complementar ou substituir as Escrituras. Aquilo que foi estabelecido no canon
bíblico é insubstituível e completo. Ninguém poderá acrescentar ou tirar nada.
“Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos
escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e
das coisas que se acham escritas neste livro” (Ap 22:18-19).
2.
O fundamento apostólico profético não é uma nova invenção baseada em alguma
elucidação humana (II Pe 1:20). Ou seja, não é algo que saiu do nada, sem base
nenhuma e que leva a alguma lugar diferente daquele que as Escrituras nos
levam.
Aquilo que
outros apóstolos pregavam e que era diferente, mas aceitável, comparando-se
àquilo que Paulo pregava, é o que chamo de “ensinamentos apostólicos”. O
que, então, são estes ensinamentos apostólicos que fazem parte do fundamento da
igreja, que diferenciava de um apóstolo de outro na igreja primitiva?
Para
introduzir esta questão quero dar um pequeno exemplo: veja a diferença das
estratégias da igreja de Jerusalém e da igreja de Antioquia. Eram completamente
diferentes. Estavam sendo edificadas sobre algumas premissas radicalmente
distintas. Tinham bases de entendimento diversas. Tinham alguma parte do
fundamento diferenciado uma da outra. Nisto percebemos que existiam diferenças
nos fundamentos que determinavam a forma diferenciada de como trabalhavam.
A Missão, os Princípios e a Visão da Igreja
Nas
Escrituras Deus nos deixou revelado, entre tantas outras coisas, qual "a missão" da
igreja, ou seja, "o
que" sua igreja deveria fazer. A missão representa "a razão da sua existência".
A missão confere à igreja a sua verdadeira identidade e propósito. A missão da
igreja determina porquê a igreja existe.
Muitos
pastores dizem que a visão de sua Igreja é alcançar os perdidos e discipulá-los
e enviá-los. Esta não é a visão de nenhuma Igreja. Esta é a missão de todas as Igrejas. Nenhuma Igreja
pode ter uma missão muito diferente desta, pois se assim fosse não seria uma
igreja bíblica. Isto é o que as Escrituras dizem ser a missão de todas as
Igrejas e não de uma igreja especificamente.
Além das
Escrituras terem registrado a missão da igreja, Deus também nos deixou
registrado os "princípios"
em como cumprirmos com esta missão. Ele não nos deixou registrado
especificamente o "como"
cumprirmos com a missão, mas sim os "princípios" em como cumprirmos com
a missão.
Para
exemplificar. A comunhão é um princípio, porém como praticamos a comunhão muda
de geração em geração. A oração é um princípio, porém como oramos muda de uma
cultura para outra.
Os
"princípios" não mudam com o tempo ou com as novas tecnologias
disponíveis. Porém, "como" especificamente aplicamos estes princípios
nas diversas épocas e culturas, muda consideravelmente. Os princípios devem ser
contextualizados dentro da cultura e dos recursos disponíveis e aplicados de
acordo com a situação. O "como" aplicamos os
princípios da Palavra na cultura e tempo que vivemos é o que chamamos
atualmente de "visão".
A
“visão” de trabalho é baseada nos princípios estabelecidos desde a antiguidade
no cânon bíblico e é tarefa dos apóstolos fundacionais da atualidade trazer
esta visão para igreja. A visão de trabalho é o fundamento sobre o qual as
igrejas apostólicas trabalham.
A Visão Procede de Revelação e Entendimento
Pedro
recebeu revelação dos céus que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus. Jesus disse
que sobre esta rocha (a revelação e entendimento de Jesus Cristo como Filho de
Deus), Ele edificaria sua igreja (Mt 16:18).
A
igreja é edificada sobre a rocha da revelação e entendimento. Revelação e
entendimento é o fundamento sobre a qual a igreja é estabelecida. Sem revelação
apostólica, a igreja não pode ser edificada corretamente.
Diferentes
apóstolos são enviados a pregarem diferentes revelações. Existem apóstolos de
fé, libertação, prosperidade, etc. Também existem apóstolos que estabelecem uma
visão prática de trabalho sobre a qual a igreja é estabelecida. Mesmo que hajam
diferentes mensagens reveladas para diferentes apóstolos, estas revelações são
fundacionais. A mensagem do apóstolo estabelece um forte fundamento sobre o
qual os santos devem alicerçar suas vidas e a igreja deve ser edificada.
A Verdadeira Cobertura Espiritual
Finalizando. Dar cobertura espiritual a alguém ou a uma
igreja é estabelecer os fundamentos sobre os quais estas pessoas ou igrejas são
edificadas. Estar debaixo de cobertura é andar na visão estabelecida pelo
apóstolo. Quem não está edificando sobre a revelação e entendimento apostólico
(visão apostólica), está fora de cobertura espiritual.
FONTE: REDE APOSTOLICA CRISTA