Jesus trata esse assunto para um grupo de crentes na
igreja em Efeso (Apocalipse 2:4).
Vivendo num mundo imperfeito, e isso facilita a
inversão da ordem de nossas prioridades. Geralmente erramos quando colocamos
nossos olhos e corações em algo além de Cristo. Isto se chama deixar o primeiro
amor, e só existe um remédio para isto: voltar a ele!
Mas, antes de retornar, você precisa saber onde está,
descobrir onde errou e refazer o seu caminho. É possível que você abandou o seu
primeiro amor, e a melhor coisa a fazer nesse caso é identificar as atitudes
que o tiraram do caminho e lidar com elas. O primeiro desses “ladrões de amor”
é a condição espiritual que o Novo Testamento chama de carnalidade.
Deus tem muitos filhos que não sabem a qual família
pertencem. Eles estão tentando viver com Cristo e com o mundo ao mesmo tempo.
Essa situação leva a orações sem respostas, fraqueza emocional e física, perda
de paz, ausência de alegria e diversos tipos de enfermidades.
O que significa ser um crente carnal? De forma bem
simples, a carnalidade é um estado espiritual em que o cristão nascido de novo
consciente e persistentemente vive para si, e não para Cristo. Paulo explica
este conceito de carnalidade em 1 Coríntios 3.
Primeiro vamos definir o que é um cristão carnal e um
cristão de verdade. Quando eu digo cristão carnal, é exatamente isso o que
quero dizer. Não estou falando sobre aqueles que não vieram a Cristo. Você não
pode abandonar o seu primeiro amor por Jesus se nunca se relacionou verdadeiramente
com Ele. Portanto, quando falo sobre um cristão carnal, tenho em mente um
crente nascido de novo.
Muitas pessoas pensam que são cristãos carnais
quando, na realidade, nem crentes são. Muitos pensam que são desviados, mas
nunca estiveram realmente no caminho! Se você nunca confiou no Senhor Jesus
Cristo como único e suficiente Salvador, então precisa nascer de novo (João
3:1-7). Você precisa arrepender-se de seus pecados e confiar o seu destino nas
mãos de Jesus, que morreu na cruz pelos nossos pecados. A carnalidade não é um
de seus problemas, se você não é crente.
Isso acontece porque os cristãos têm um
relacionamento dual com Deus. Assim como existe a possibilidade de se estar
legalmente casado sem desfrutar das relações íntimas do casamento, é também
possível estar casado com Cristo sem desfrutar da comunhão que deve ser parte
de nosso relacionamento com Ele.
Uma pessoa pode ser cristã e carnal ao mesmo tempo.
Isto está claro na primeira carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 3. Ele diz
no versículo 1: “Eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a
carnais, como a meninos em Cristo”.
As pessoas da Igreja de Corinto
eram separadas para cumprir os propósitos de Deus. Eram salvas, santificadas e
membros da família de Deus. Mesmo assim eram carnais, vivendo como se Cristo
não fosse o alvo de seu amor, muito menos do seu primeiro amor.
Não é de admirar que, quando Salomão escreveu o livro
de Eclesiastes, seu tema fosse o vazio da vida. Quando deixou o seu primeiro
amor e entrou numa vida de carnalidade, Salomão só poderia falar sobre a falta
de significado da vida fora de um relacionamento dinâmico com Deus, porque ele
havia-se tornado um crente carnal.
O que precisamos entender é que ter sido salvo há
dez anos não garante sua espiritualidade hoje. Deus lhe deu vida nova, mas você
deve viver uma nova vida. E possível ter sido um campeão em sua vida espiritual
ontem e ser um derrotado hoje. Ainda que vivamos numa caminhada dinâmica com
Deus no dia-a-dia, é possível que sejamos reprovados. Salomão acertou no começo
em buscar sabedoria mais do que prazeres carnais, mas depois fez uma escolha
tola se casando com várias mulheres por interesse político e corrompeu sua fé,
ele começou bem mas terminou mal.
Um cristão carnal é um cristão estagnado. Veja 1
Coríntios 3:2: “Com leite vos criei, e não com alimento sólido, pois ainda não
estáveis prontos para isso. Com efeito, ainda agora não estais prontos”.
Eles ainda estão envolvidos com os mesmos velhos
pecados e continuam agindo da mesma forma antiga. Recusam-se a pensar
biblicamente e a se relacionar com Deus como Ele quer. Sentam-se nos mesmos
bancos todos os domingos. Mas não conseguem superar coisas do passado.
O meio pelo qual desenvolvemos nossa habilidade de
leitura é a prática. Não basta querer ler, ter esperança ou orar para receber o
dom da leitura. Se você quiser aprender a ler, precisa praticar. Assim, se
quiser tornar-se um cristão espiritual, o qual tem o seu primeiro amor como
prioridade, deve fazer as coisas necessárias para crescer espiritualmente. Você
não pode continuar estagnado.
Muitos de nós queremos dar tudo para Deus e nos esquecemos
de que temos de dar para Ele o que é realmente necessário. Queremos dar para
Deus um pouco disso e daquilo, mas nossos motores espirituais não vão pegar
porque não estamos dando para Deus o que é necessário: uma vida compromissada,
usando todo o nosso tempo para as coisas do Espírito.
Os carnais medem o sucesso de suas vidas espirituais
pelo entretenimento que têm na igreja e não pelo ensino que recebem. Precisam
sentir-se bem, mesmo que não estejam aprendendo nada. Querem que alguém lhes dê
a Palavra na boca, pois não conseguem usar os talheres sozinhos.
Os cristãos carnais recusaram-se a aprender e
aplicar a verdade de Deus. Esta atitude paralisa por completo o desenvolvimento
espiritual.
O cristão carnal é aquele que tem sua mentalidade dirigida
pelas coisas que não são do Espírito. Em 1 Coríntios 3:3, Paulo diz: “Ainda
sois carnais. Pois havendo entre vós inveja e contendas, não sois carnais, e
não andais segundo os homens?”.
Agora Paulo entra no cerne da questão. Os cristãos
carnais desenvolveram uma mentalidade de desobediência. Isto significa que
estão vivendo em pecado por vontade própria, sendo antes controlados pela velha
criatura do que pela nova criatura na qual se transformaram.
Quando Deus nos salvou, Ele o fez para servimos a
Cristo. Não podemos superar nossa carnalidade até que haja uma mudança de
enfoque e nossa mentalidade se torne espiritual.
Para que possamos entender isso, devemos observar os
quatro tipos de pessoas que Paulo menciona no texto, assim poderemos ver como
um cristão carnal se encaixa nesse contexto.
A pessoa natural
A pessoa natural é o primeiro tipo descrito em 1
Coríntios 2:14: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de
Deus, pois lhe parecem loucura, e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente”.
Um cristão deve ser sobrenatural. Um não-cristão faz
as coisas naturalmente. Sua mentalidade é de que qualquer coisa é aceitável
simplesmente pelo fato de que todo o mundo a pratica, porque é “natural”.
A segunda marca dos homens e mulheres naturais é que
as coisas espirituais lhes parecem tolices. Eles não recebem bem as coisas de
Deus, pois não sabem o que fazer com elas. Não sabem como aplicar as coisas do
Espírito em suas vidas.
Sendo assim, assuntos como “morte” e “vida eterna”
não são muito importantes para as pessoas naturais. Elas falam sobre todas as
coisas, menos as do Espírito. O homem natural pode entender de ciência,
matemática e outras coisas, mas não pode entender e apreciar a realidade
espiritual.
O não-crente não pode conectar-se com as coisas de
Deus, não importando quanto prestígio ou títulos possua. Ele não tem acesso a
Deus. Os não-crentes têm muito para mostrar ao mundo das coisas do mundo, mas
não conseguem receber o sinal (revelação) das coisas espirituais porque não
estão conectados a Deus.
A pessoa espiritual
O segundo tipo de pessoa que Paulo descreve está nos
versículos 15 e 16 de 1 Coríntios 2: “Mas o que é espiritual discerne bem a
tudo, e ele de ninguém é discernido. Pois quem conheceu a mente do Senhor, para
que o possa instruir? Mas nós temos a mente de Cristo”.
Note a referência sobre a mente. A pessoa espiritual
é um cristão maduro que pensa como Cristo pensa. A mente é a chave porque ela é
o canal por meio do qual você coleta os dados que regem sua ação.
O cérebro é para o corpo o mesmo que a mente é para a
alma. Assim, Paulo está dizendo que uma pessoa espiritual aprendeu a pensar os
pensamentos de Deus. Ela alcançou um ponto onde conscientemente, mesmo que não
seja sempre perfeita, analisa, avalia e examina a vida sob a perspectiva de
Deus.
A maturidade, nos ensina que eu devo olhar para o
futuro, em vez de olhar apenas para o momento. A pessoa espiritual analisa as
coisas sob a perspectiva divina, não somente conforme as circunstâncias
imediatas. Ela tem a habilidade de discernir os fatos. Ela possui o ponto de
vista de Deus.
Meninos em Cristo
O terceiro tipo de pessoa que Paulo descreve está no
primeiro versículo do capítulo 3 de 1 Coríntios: Eu, irmãos, não vos pude falar
como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
Uma criança na fé pode ser um cristão controlado pelo
Espírito, porém ele não pode ser maduro, porque a maturidade é uma conseqüência
do tempo.
Note que Paulo não coloca nenhum tipo de culpa sobre
essas pessoas por serem imaturas. Você não pode condenar um nenê por fazer
coisas próprias de um nenê. Tudo o que se pode esperar é que ele aja como um
nenê. Quando Paulo fala sobre “meninos em Cristo”, ele está falando sobre
crentes que estão no jardim da infância porque ainda não houve tempo hábil para
que eles pudessem estar na faculdade.
Se você é novo cristão, não fique frustrado porque
ainda não é maduro. Permita que o Espírito Santo controle quem você é e Ele o
tornará muito melhor do que era antes.
A pessoa carnal
Agora estamos voltando para o ponto em que começamos.
Fizemos a volta completa porque o quarto tipo de pessoa é o cristão carnal
descrito em 1 Coríntios 3:3: “ainda sois carnais”.
A palavra ainda é a chave para compreendermos o
texto. Houve muito tempo para o crescimento espiritual, mas os cristãos carnais
ainda estavam vivendo em seus hábitos antigos. Eles escorregavam muito, caindo
em seus caminhos carnais. Eles não eram tão diferentes das pessoas do mundo.
No caso dos crentes em Corinto, Paulo os conhecia há
vários anos. Agora ele estava escrevendo para dizer: “Meus amigos, vocês já têm
vários anos de idade e nem estão andando. Ainda usam fraldas. Vocês não fizeram
nenhum progresso. Vocês praticam os exercícios espirituais, mas ainda estão só
engatinhando”.
O cristão carnal, fala o “cristianês”, mas vive em
outro dialeto. Ele diz “louvado seja Deus, aleluia e amém” com seus lábios, mas
fala um idioma bem diferente com a sua vida.
Dos quatro tipos de pessoas descritas por Paulo em 1
Coríntios 2-3, o cristão carnal é o único que não está agindo da forma devida.
Você não pode esperar que o homem natural aja de uma forma que não é natural.
Você não pode culpar uma criança por ser imatura, nem culpar o cristão
espiritual que se está desenvolvendo espiritualmente. O homem carnal, porém, é
um problema porque ele teve o tempo necessário para crescer, mas teve o seu
crescimento estagnado.
UM CRISTÃO REBELDE
Isto nos traz ao nosso ponto final: o cristão carnal
é um cristão rebelde. Paulo diz em 1 Coríntios 3:4: “Pois dizendo um: Eu sou de
Paulo, e outro: Eu de Apoio, não sois carnais?”.
Você já disse alguma vez que “errar é humano”? Isso é
desculpa de não- crente. Este é o diálogo das pessoas que andam segundo o
caminho dos homens. Alguma vez você já disse “mas todo mundo faz isso”? Este é
mais um exemplo de pessoas que andam segundo os homens.
Paulo fala à igreja em Corinto: “Vocês estão agindo
igual a todo mundo, da mesma maneira que os não-crentes que estão ao seu redor.
Vocês não estão agindo como o novo homem e a nova mulher que foram criados para
ser. Vocês estão fazendo as coisas que os não-crentes fazem”.
Recusando-se a ser submissos
O que esses cristãos carnais estavam fazendo? Neste
capítulo Paulo fala sobre o ciúme e o conflito entre os líderes humanos. Eles
estavam comprando brigas e falando mal de outros líderes. Não somente toleravam
um vergonhoso caso de incesto, mas também se orgulhavam dele.
Em Gálatas 5 Paulo fala sobre vida imoral, atividades
impuras, inveja, conflitos e idolatria. Ele chama essas coisas de “obras da
came”. Ele está dizendo que, quando os cristãos adotam estas atitudes é porque
eles são rebeldes. Eles estão-se recusando a ser submissos.
A mesma coisa acontece com um cristão que já foi
salvo há algum tempo, mas que ainda está vivendo de acordo com os padrões da
carne. Vamos deixar isto bem claro: não é que ele não consiga fazer o que é
certo. Ele se recusa a fazer a coisa certa, porque levar uma vida carnal para
ele foi uma decisão própria.
Bem, reconheço que existem pessoas que necessitam de
ajuda. Conheço pessoas que facilmente se atrapalham com todos os tipos de
problemas, mas esses padrões pecaminosos são ativados e perpetuados por
decisões conscientes que cada indivíduo toma. Um cristão nunca se toma um
objeto indefeso nas mãos de Satanás.
Os cristãos não podem ser expostos à verdade de Deus
semana após semana e não identificar a lama quando eles a veem. Deus não está
somente tentando manter-nos longe da sujeira. Ele quer mostrar-nos algo muito
melhor, para que nunca mais tenhamos vontade de brincar na lama novamente.
A lama que o mundo oferece pode parecer boa para um cristão que deixou o
seu primeiro amor e necessita voltar a ele.
Se você descobriu que a carnalidade é a categoria na qual se encaixa, quero
encorajá-lo a voltar ao seu primeiro amor, Jesus Cristo, ainda hoje.
Trechos do livro de volta ao
primeiro amor de Tony Evans
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