sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O RESSURGIMENTO DOS APÓSTOLOS

O RESSURGIMENTO DOS APÓSTOLOS
                                    *Dr. C. Peter Wagner

A primeira se estendeu durante quase duzentos anos, apenas algumas gerações depois dos primeiros apóstolos do Novo Testamento concluírem seu ministério; a segunda se deu aproximadamente mil e oitocentos anos depois, por volta do ano 2001.Não gostaria que interpretasse mal o que acabo de dizer. Não estou dizendo que a Igreja de Jesus Cristo ou o Reino de Deus se estancou durante mil e oitocentos anos. Certamente isso não ocorreu. Lembre-se de que Jesus disse: “... edificarei a minha igreja” (Mateus 16.18) e isso é exatamente o que Ele está fazendo desde então. O povo de Deus na Terra tem pregado a Palavra, feito discípulos e libertado os cativos. A verdadeira Igreja tem estado conosco através dos anos, às vezes, mais visivelmente e outras vezes menos.
Os Apóstolos Através da História.Estou certo de que os apóstolos têm estado presentes na história da Igreja, ao longo dos anos, apesar dos esforços, tanto no mundo invisível como no visível, para manterem-se em segundo plano. Mas mesmo assim, quem poderia duvidar de que Gregory Thaumaturgus, ou Martin de Tours, ou Patrício da Irlanda, ou Benedito de Nursia, ou Bonifácio, ou Anselmo de Canterbury, ou Savonarola, ou John Wycliff, ou Martinho Lutero, ou Francis Xavier, ou William Booth, ou Willian Carey ou Hudson Taylor foram apóstolos?No ano de 1900, Wilbur Chapman publicou uma biografia de Dwight L. Mood que tinha por subtítulo “A Tribute of the Memory of the Greatest Apostle of the Age” (Um Tributo à Memória do Maior Apóstolo da Época).[1] Tê-lo chamado “apóstolo”, no ano de 1900, foi uma exceção à regra, já que, em termos gerais, aqueles que indiscutivelmente possuíam o dom e tinham o ofício (ou função) de apóstolo não foram reconhecidos publicamente como tais de per si, salvo casos excepcionais, como o Movimento Irvingites de 1800 ou a Igreja Apostólica de 1900. Historicamente se pretendia que os apóstolos tivessem um baixo perfil, mas isso já não acontece. Atualmente, um crescente número de líderes cristãos reconhece e afirma tanto o dom, como a função de apóstolo. Os apóstolos ressurgiram!O custo para chegarmos até aqui foi de cem anos. Até onde eu sei, a precursora desta Nova Era Apostólica, foi a African Independent Church – AIC (Igreja Independente Africana), movimento que começou por volta do ano 1900. Durante o século XX, o crescimento das igrejas independentes se diferenciou de maneira notável das igrejas tradicionais no continente africano. Recentemente, o movimento chinês de igrejas surgiu seguindo as linhas apostólicas e produziu o que possivelmente seja a maior colheita de almas vista em uma nação em um período de vinte e cinco anos.A força evangélica mais poderosa na América Latina das últimas décadas tem sido o que alguns chamam as “igrejas de base” que funcionam — vale a redundância — sobre a base dos princípios apostólicos.

A “Nova Reforma Apostólica”.A frase com a qual eu defino este odre novo que Deus está presenteando às igrejas, como as que mencionei recentemente, é: “Nova Reforma Apostólica”. É “nova” porque se diferencia de grupos de igrejas tradicionais que já tinham incorporado o termo “apostólico” ao seu nome oficial. É uma “reforma” porque somos testemunhas da mudança mais importante quanto à forma de ser igreja desde a Reforma Protestante. É “apostólica” porque o reconhecimento do dom e a função de apóstolo é a mais radical de uma extensa linha de mudanças.Vejamos: se foi realmente o Espírito quem falou às igrejas sobre o odre apostólico que descrevo neste livro, então, deve existir uma base bíblica a respeito. Efetivamente, isto é um fato. Na realidade, existem três versículos da Bíblia que são os textos “de prova” que reconhecem o dom e função de apóstolo. Repito, existem muitos outros versículos, mas estes são os principais:Efésios 4.11.E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres.“Ele” é Jesus, quem repartiu dons ao Seu povo, quando subiu ao céu depois de ter ressuscitado dentre os mortos e ter estado quarenta dias com Seus discípulos (ver Efésios 4.8). Posteriormente, deu à Igreja pessoas dotadas em dois níveis: no âmbito funcional ou gove amental (ver Efésios 4.11) e, no âmbito ministerial, por meio dos santos (ver Efésios 4.12). Os cinco ministérios FUNDACIONAIS ou gove amentais são: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.Normalmente, são denominados “os dons da ascensão”, já que Jesus os deu pela primeira vez quando subiu ao céu. No entanto, outros se referem a eles como “o ministério quíntuplo”, mesmo que esta não seja a melhor escolha, já que não é o versículo 11, mas o 12 que menciona o “ministério” como a função dos santos, enquanto os apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres devem ser aqueles que complementam, para que os santos possam cumprir com esse ministério. É um tema menor, mas prefiro estes dons da ascensão à designação de “cargos FUNDACIONAIS ou gove amentais”.Efésios 2.20.Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular.Um hino muito conhecido afirma: “A base da igreja é Jesus Cristo, seu Senhor...”. Em um sentido teológico geral, é assim porque não haveria igreja alguma sem a pessoa e a obra de Jesus Cristo. No entanto, no que se refere ao crescimento e desenvolvimento da Igreja após a ascensão, Jesus prefere ser reconhecido não como o fundamento, mas como a pedra angular. 
Os fundamentos da Igreja, através dos anos, devem ser os apóstolos e os profetas. A pedra angular é essencial porque sustenta os fundamentos e mantém a obra unida. Se a Igreja tem Jesus Cristo, mas não tem apóstolos e profetas, é possível que não cumpra com todas as expectativas que Deus tem para ela.A redação deste versículo é outra das razões pelas quais eu gosto de dizer que apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres são “cargos fundacionais”.I Coríntios 12.28 .A uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, gove os, variedades de línguas.Os números mencionados próton (primeiro), deuterón (segundo) e tritón (terceiro) indicam que estes não são dons e funções selecionados ao acaso. Aqui, próton quer nos dar a entender que os apóstolos são os primeiros na ordem de seqüência, não enfatizando necessariamente a hierarquia. Para facilitar a compreensão, lhes direi que uma igreja sem apóstolos não funcionará tão bem como uma igreja com apóstolos.Os apóstolos trabalhando de igual para igual com os profetas desenvolvem sua missão: implementar o que Deus quer que seja feito na Terra em um momento determinado.É interessante observar os fatos. Primeiro, a igreja tradicional interpretou que os apóstolos e os profetas eram funções relegadas à era apostólica passada e, segundo, eles não existem mais. Baseando-nos na opinião da igreja tradicional, e devido à ausência daqueles, os mestres deveriam ser os primeiros na ordem de seqüência estabelecida que é enumerada pelo Espírito Santo em I Coríntios 12.28. Visto que, supostamente, não há mais profetas e apóstolos, então, os mestres seriam os próximos da lista.Durante quase quinhentos anos, grande parte das denominações protestantes não foi dirigida por apóstolos e profetas, mas por mestres e administradores. O que quero dizer com isso? Que se refletirmos a respeito, a maioria das autoridades denominacionais são, ao final de tudo, administradores. Já que a pregação se to ou o ponto principal da vida congregacional, semanal; e o sermão, a forma de canalizar o ensino, muitos pastores de igrejas locais se supõem mestres.É ainda mais fascinante pensar que, se ao longo dos séculos, nos quais demos as costas a este versículo e à ordem das autoridades da igreja indicada por ele, quase evangelizamos o mundo, imagine o que acontecerá agora, que as autoridades da igreja estão sendo organizadas de maneira correta! Os administradores e mestres são uma parte essencial para manter o bom funcionamento da Igreja, mas os administradores serão melhores administradores, e os mestres melhores mestres, se os apóstolos e os profetas estiverem no lugar que lhes corresponde.Os Apóstolos Depois da Segunda Guerra Mundial.Aqui, nos Estados Unidos, Deus começou a preparar o caminho para o ressurgimento dos apóstolos logo após a Segunda Guerra Mundial, quando algumas igrejas e agrupamentos de igrejas começaram a reconhecer a função de apóstolos. No entanto, esse movimento eventualmente perdeu forças. Quando refletimos sobre o que aconteceu, naqueles dias, nos deparamos com frases tais como: “Chuva serôdia”, “Movimento de restauração”, “Evangelismo de libertação”, ou “Movimento pastoral”, entre outros. Os líderes destes movimentos tiveram grandes expectativas e realmente criam que o que eles começavam reformaria a igreja, mas apesar de todos os intentos e bons propósitos, isto não aconteceu. A maior parte destes movimentos de Deus, que surgiram logo após a Segunda Guerra Mundial, hoje já não existem, e os poucos que ainda subsistem têm muito pouca influência.No entanto, os líderes destes movimentos foram verdadeiramente pioneiros. Esclareçamos este ponto: os movimentos apostólicos que surgiram após a Segunda Guerra Mundial foram obra de Deus e foram gloriosos! Muitas pessoas foram salvas, curadas, libertas, discipuladas e algumas, inclusive, enviadas para missões. Mas muitos destes pioneiros, que lideraram estes movimentos, cometeram erros e não teriam que chamar tanto a atenção, já que cometer erros faz parte do fato de ser pioneiro em algo. Pensemos por um minuto nos pioneiros que conquistaram a parte oeste dos Estados Unidos. Eles também cometeram erros. Mataram muitos búfalos, não cumpriram as promessas que fizeram aos indígenas, arruinaram solos férteis para cultivos, etc. Mas apesar de seus erros, foram aqueles que prepararam o terreno para que os Estados Unidos fossem o país que são hoje, e realmente os admiramos por isso. Reajamos da mesma maneira com os líderes cristãos de cinqüenta anos atrás! Eles foram os pioneiros que moldaram os odres e foram parte fundamental para que o Corpo de Cristo fosse abençoado hoje.Intercessores, Profetas e Apóstolos.Ainda que o esforço destes líderes tenha perdido forças, não se desvaneceu completamente. No começo da década de 1990, Deus voltou a falar à Igreja acerca da restauração da função de apóstolo. Desta vez, o processo foi diferente. Foi mais gradual e envolveu os intercessores e os profetas. A década de 1970 trouxe consigo o início de um enorme movimento global de oração que hoje ainda observamos. Como parte desse movimento, o Corpo de Cristo começou a aceitar os dons e as funções dos intercessores. 

Na década de 1970 e também na de 80, era incomum, inclusive raro, que as igrejas reconhecessem alguns de seus membros como “seus intercessores”, mas graças a Deus, hoje isso já não acontece. Atualmente, as igrejas “raras” são precisamente aquelas que não reconhecem a existência dos intercessores.Durante a década de 80, os dons e funções de profeta ressurgiram nas igrejas. Isto não significa que os profetas estiveram ausentes durante os anos — e inclusive séculos — anteriores, mas que foi nessa época quando um setor muito mais amplo da igreja compreendeu e reconheceu o ministério. 

Os profetas ganharam reconhecimento público, durante a década de 90, e hoje, mesmo que ainda esteja longe de ser perfeito, este ministério é amplamente aceito e valorizado nas igrejas.Ao meditarmos sobre essa época, creio que podemos disce ir e chegar a entender a lógica que Deus utilizou, ao permitir que os intercessores e profetas aparecessem em cena antes dos apóstolos. O papel dos intercessores é essencial para encher o vazio e permitir as comunicações entre o Céu e a Terra. Quando isto acontece e a voz de Deus pode ser ouvida de maneira mais clara, começa a função dos profetas. Estes recebem as mensagens que Deus envia ao Seu povo. Em seguida, os apóstolos trabalham juntos com os profetas e realizam a sua missão: implementar o que Deus quer que seja feito na Terra em um determinado momento.À margem disto, é possível que um dos maiores obstáculos que este movimento apostólico teve — após a Segunda Guerra Mundial — foi o fato de os intercessores e profetas não terem aberto adequadamente o caminho aos apóstolos.Uma Nova Missão na Década de 1990. O que escrevo acerca dos esforços dos pioneiros, eu o sei através de comentários de terceiros. 

Eu sou um ministro cristão desde o ano de 1955. Naqueles dias, os círculos evangélicos tradicionais nos quais me movia, não conheciam quase nada acerca dos apóstolos e de evangelistas com dom de cura, e o pouco que ouvia deles, enquanto estava no seminário, nos começos da década de 50, os relegavam ao lugar do “setor mais fanático”. Eu não estava muito a par do que fazia o movimento apostólico até o ano de 1993. Neste ano, recebi uma nova missão por parte de Deus que me dizia que a minha prioridade devia ser levantar um ministério apostólico. Não passou muito tempo desde então!Reto ando-nos a questão do tempo, façamos as contas: a última metade do séc. XX, que começa logo após a Segunda Guerra Mundial, corresponde a somente 3% de toda a história cristã!O tempo transcorrido desde o ressurgimento desta idéia, no início da década de 1990, representa somente A METADE de 1% da história da Igreja! A Nova Reforma Apostólica é muito recente, mas também é muito sólida e creio que não perderá forças!Alguns Discordam .Sabemos que alguns podem não estar de acordo com isto. Voltemos aos pioneiros da Segunda Guerra Mundial: muitos líderes cristãos respeitados, naquele tempo, tomaram posição pública contra o renascente movimento apostólico. Cada vez que os líderes apostólicos cometiam algum erro — ainda que devemos reconhecer que alguns deles não terminaram bem — seus oponentes estavam prontos para lhes dizer: “Eu te disse que isto aconteceria!” Suspeito que a principal razão pela qual o movimento que teve lugar depois da Segunda Guerra Mundial não alcançou o êxito esperado foi a crítica, baseada quase em sua totalidade em fatos empíricos, que usavam como sendo provas muito contundentes para negar as evidências desta restauração.Ainda hoje, encontramos contínuas críticas à Nova Reforma Apostólica. Tomemos o exemplo de Vinson Synan. Poucos podem negar que ele é o principal historiador do Movimento Pentecostal/Carismático da atualidade. Seu livro, The Century of the Holy Spirit (O século do Espírito Santo) publicado pela editora Thomas Nelson, é um livro muito conhecido. A grande estima que sinto por Vinson é precisamente o que me leva a escolhê-lo como um representante contemporâneo do que poderíamos chamar “a oposição”. Vinson escreveu: “É axiomático dizer que quem se diz um apóstolo provavelmente não o seja. Um apóstolo não é alguém autodesignado ou escolhido por uma organização eclesiástica, mas é escolhido por Deus”.[2]As Assembléias de Deus dos Estados Unidos, uma das organizações cristãs mais respeitadas da atualidade, é ainda mais firme em sua oposição à Nova Reforma Apostólica. Logo após a Segunda Guerra Mundial, o Conselho Geral das Assembléias de Deus decretou, em 1949, que “o ensino atual de que a igreja é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas é errado.”[3] Esta opinião foi reiterada no ano 2000. A denominação declarou que “dizer que os apóstolos e profetas deveriam dirigir o ministério da igreja é um ‘desvio do que a Bíblia diz’ e é ‘um ensino errado’.”[4]Este Movimento se Dissipará?A razão pela qual apresento estas críticas — e devo esclarecer que não são as únicas, já que tenho mais em meus arquivos — é para responder se o presente movimento apostólico corre perigo de se dissipar, como o seu antecessor. Pessoalmente, não creio que isto acontecerá e para fazer esta afirmação me baseio nas quatro observações seguintes:
1.      Temos aprendido com os erros que os pioneiros do movimento cometeram, e estamos decididos a não repeti-los;
2.      Este movimento está respaldado pelo ministério de intercessores e profetas, que hoje formam parte do processo de tecer esta restauração;
3.      A crescente bibliografia disponível sobre os distintos aspectos do ministério apostólico, que começou a aparecer na década de 90, é impressionante. Os autores destes livros criam um sólido fundamento bíblico, histórico e teológico para este movimento;
4.      O crescimento da responsabilidade apostólica, graças à formação de muitas unidades apostólicas, que compartilham a tarefa de cuidar e velar por seu ministério e seu caráter.
Segundo minha visão, Deus deu à Sua Igreja um novo odre e derramará o vinho novo em um futuro próximo.
* Capítulo 1 do precioso e necessário livro para este tempo: APÓSTLES EN LA IGLESIA DE HOY — Esfera de Autoridade e restauração do ministério apostólico no novo mover de Deus Editorial PENIEL — Buenos Aires – Argentina.
**C.Peter Wagner: É Reitor do Instituto de Liderança Wagner, e preside a Coalização Inte acional de Apóstolos. Foi missionário durante vários anos na América do Sul e respeitado professor do Seminário Teológico Fuller, nos Estados Unidos, por mais de 30 anos. É um dos apóstolos-mestres mais estratégicos que o Senhor tem restaurado nos últimos anos. Escreveu mais de cinqüenta livros importantíssimos para o Corpo de Cristo, sendo a maioria deles traduzidos para vários idiomas. Muitos estão em português, especialmente a série “Guerreiros de Oração”.
[1]J. Wilbur Chapman, The Life Work of Dwigh L.Moody: presented to the Christan World a Tribute of the Memory of the Greatest Apostle of the Age (Chicago IL: J.S. Goodman & Co, 1900).
[2]Vinson Synan, “Who are the mode apostles?” Ministries Today. Marzo-abril de 1992, página 47.
[3] 1949 — Minutes of the General Council of the Asssemblies of God. Resoloción No 7. “The New Order of the Alter Rain.”
[4]“Endtime Revival— Spirit-Led and Spirit Controlled: A Response Paper to Resolution 16”, Aceptado por el Presbitério Genral, Consejo General de lãs Asambleas de Dios, 11 de agosto de 2000, página 2.

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